Um documento lançado por lideranças estudantis vinculadas ao Juntos nas Escolas, coletivo ligado ao Psol, traz um passo a passo de como ocupar uma escola, ensina a fazer manifestações de rua, elenca os direitos dos alunos, e incentiva a comunicação independente do movimento, por meio de vídeos, fotos e publicações em redes sociais. Com oito "páginas", o Manual de Mobilização e Ocupação das Escolas do Rio Grande do Sul foi divulgado nas redes sociais na quarta-feira.
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A sugestão do guia é de que a ocupação seja iniciada com a realização de uma assembleia com os alunos da escola – momento em que devem ser discutidos os problemas da instituição e os "caminhos da luta", diz o manual. Nos passos seguintes, estão orientações de como garantir a boa comunicação interna, a limpeza, a segurança e a alimentação dos ocupantes. O guia ainda sugere a realização de atividades que contribuam com o "convencimento dos colegas" em relação ao movimento, bem como com o fortalecimento da ocupação.
Protesto em cruzamentos de grandes avenidas é "melhor ainda"
Nas páginas dedicadas a mostrar como uma manifestação de rua deve ser feita, o manual sugere que mesas e cadeiras das salas de aula sejam levadas para as ruas – "além de ajudar a bloquear a passagem dos carros, elas são o símbolo da nossa luta", diz a publicação. A orientação é para que protestos ocorram entre 6h e 9h – "melhor ainda" se for em cruzamentos de grandes avenidas– , e que manifestantes gravem as eventuais ações policiais.
Uma das criadoras do manual é Ana Paula dos Santos, 18 anos, aluna do 3º ano do Colégio Protásio Alves, de Porto Alegre. De acordo com a estudante, a ideia surgiu devido ao grande número de mensagens recebidas pela páginas Ocupa Protásio Alves no Facebook. Eram alunos de outras escolas, da Capital e do Estado, buscando ajuda para iniciar a mobilização também no local em que estudam.
– A iniciativa partiu do Juntos nas Escolas, coletivo de alunos que organizam os grêmios estudantis e o movimento nas escolas. Conversamos com vários estudantes, comparamos manuais lançados por entidades de outros Estados, e identificamos o que era mais importante para o nosso manual – conta Ana Paula, que é integrante do grêmio estudantil do Protásio Alves.
O movimento que se espalha pelo Rio Grande do Sul foi planejado desde o início de abril por grêmios estudantis, sob o fio condutor da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e apoio do Cpers/Sindicato. Até a noite de quarta-feira, eram 76 estabelecimentos sob o controle dos alunos, conforme a página no Facebook Ocupa Tudo RS – levantamento de ZH teve confirmação de 28 delas, e a Secretaria de Educação do Estado (Seduc) não divulga números.