Por fora, o estilo quadradão lembra o de carros americanos. Por dentro, o capricho é digno de sedãs europeus. No mais, quase tudo que se refere ao visual do Renegade divide opiniões entre especialistas, que o rotulam como crossover, SUV ou jipe. O que todos concordam é que o motor a diesel da versão top, combinado com câmbio de nove marchas, é um marco no setor automotivo do país e principal motivo para o veículo fazer tanto sucesso entre os consumidores brasileiros.
Mesmo em meio à crise econômica, o Renegade marca presença há pelo menos seis meses na lista dos dez veículos mais vendidos do país, superando carros que custam praticamente metade de seu preço. O modelo da Fiat-Chrysler promete ser suave na estrada, ágil na cidade e guerreiro no off-road. Ao rodar na BR-101 e freeway, um terço da promessa é cumprido. O modelo a diesel apresenta surpreendente vedação sonora e (nada surpreendente) potência de sobra para ultrapassagens. O veículo tem fôlego incrível nas acelerações de 60km/h a 100km/h, e a vibração típica de motores a diesel não existe. A suspensão é na medida para curvas seguras e conforto nas retas, mesmo sendo o Renegade mais pesado que quase todos seus concorrentes.
Mas, para quem tem família grande ou é megalomaníaco na hora de fazer as malas, é bom ficar atento: o porta-malas é o menor entre todas as SUVs, com apenas 260 litros. Mesmo que o espaço seja confortável para cinco pessoas, acomodar bagagem para todas será tarefa bastante árdua.
Ótimas soluções
Outro ponto no qual o veículo não se destaca é o freio. Tanto a gasolina quanto a diesel, os números divulgados pela montadora ficam aquém da maioria dos concorrentes no que diz respeito a espaço de frenagem, certamente por causa do excesso de peso. Mas o sistema está longe de ser ruim, com quatro discos. E o veículo apresenta ótimas soluções, como a marcha reduzida (20:1) e as funções de bloqueio do diferencial (para repartir a força entre os eixos), controle de velocidade em descida e os quatro modos de gestão da tração – nas versões a diesel.
O SelecTerrain atua sobre motor, freios e transmissão, com controles eletrônicos para superar terrenos íngremes. Foi acionando esse comando na versão top que o veículo, no test drive, deu um show nas pirambeiras em Barra do Ouro, Rolante, Maquiné e outros pontos do Vale do Paranhana – passando ainda pelas ERSs 239 e 484. Subidas que parecem instransponíveis e descidas que aparentam ser complicadas se transformam em diversão segura - desde que não se abuse, claro. Nessa hora, as versões a diesel e gasolina mostram que são irmãs, mas de temperamento diferente.
Piloto responsável por conduzir um dos carros do test drive, Humberto Lague resumiu o desempenho dos Renegade:
- O veículo de entrada se comporta igual a um carro tradicional, enquanto a versão 4x4 é um ótimo jipe na terra e, no asfalto, tem os prós e contras de uma SUV.
A versão Sport, com câmbio manual e motor flex, parte de R$ 70 mil, enquanto a top, a diesel, custa R$ 117 mil. É possível pagar R$ 76 mil e ter uma versão Sport flex com câmbio automático (seis marchas) - por R$ 5 mil a mais, a versão Longitude proporciona ainda ar-condicionado de duas zonas, tela de 5 polegadas, borboleta para troca de marchas, câmera de ré e outros utensílios.
Já a versão a diesel parte de R$ 110 mil (com todos os equipamentos da flex) e, na Trailhawk, o kit multimídia tem tela de 6,5 polegadas, as suspensões são reforçadas para o off-road e o acabamento oferece mimos como teto texturizado e faixa preta no capô.
Para quem roda na cidade e raramente pega a estrada, o motor flex é suficiente. Mas, se a ideia é rodar na lama ou na areia, a versão a diesel é capaz de transformar o inferno em uma brincadeirinha de criança. Gastar mais R$ 47 mil soa como desperdício, mas é a diferença entre um bom carro para encarar estradas comuns e um ótimo carro para encarar qualquer terreno.
Irmãos, mas não gêmeos
No tráfego pelo asfalto, a versão a diesel do Renegade também ganha em praticamente todos os aspectos. É mais confortável e tem desempenho bem melhor – mesmo com 300kg a mais, fôlego não falta ao motor de 170cv. Tem ainda melhor autonomia e, na hora de abastecer, chega a ser mais de 50% mais barato que o flex. Mas pagar R$ 57 mil a mais pelo modelo top é para poucos. Em média, abastecido com gasolina o motor flex rendeu 11,5km/l na estrada e 9km/l na cidade – à etanol, 8,6km/l e 6,8km/l.
O motor a diesel, em velocidades semelhantes, fez 14,2km/l e 11,8km/l. Sucesso em todo o Brasil, o Renegade é ainda mais querido pelos gaúchos. É o que apontam números da Fenabrave. Este ano, o veículo disparou na liderança da categoria SUV e, na lista geral, ocupa a sétima colocação, com 564 emplacamentos. O rival mais bem colocado é o Honda HR-V (518), em 10º. Ford Ecosport (315), GM Tracker (263), Peugeot 2008 (262) e Renault Duster (199) são, respectivamente, 16º, 23º, 25º e 28º. No ranking nacional o Jeep ocupa a 11ª posição geral e terceira das SUV. Montados em Goiana (PE), os dois Renegade têm pontos em comum, mas diferenças profundas (confira a lista à direita).
VEJA O QUE ELES TÊM DE IGUAL
Dimensões: 4.232mm (comprimento) x 1.798mm (largura) x 2.570 (entre-eixos) Direção: elétrica com assistência variável
Porta-malas e tanque: 260 litros e 60 litros
Freios: os quatro são com discos e há ABS
Rodas: 16 a 18 polegadas
Suspensões: sistema Mcpherson na traseira e na frente. O modelo Trailhawk, de acordo com a montadora, tem molas e barras reforçadas
Todos os modelos têm ainda: dois airbags dianteiros, computador de bordo, controle de tração, piloto automático, retrovisores e vidros elétricos, ar-condicionado, apoiador de braço e porta-copos, banco traseiro bipartido e rebatível
VEJA O QUE ELES TÊM DE DIFERENTE
FLEX
Motor: Evo 1.8 16V Flex, com 130cv (132 a etanol) e torque de 18,6 kgfm (19,1 a etanol) a 3.750 rpm.
Velocidade máxima: 181km/h
Câmbio: Manual de cinco marchas ou automático de seis
Altura: 1.666mm (só muda de acordo com a roda escolhida)
Peso seco: 1.393kg
Vão livre do solo: 177mm
Ângulos de entrada e de saída: 20,4 e 29,4 graus
Preço: R$ 69 mil a R$ 87 mil
DIESEL
Motor: 2.0 diesel, com 170cv e torque de 35,7 kgmf a 1.750rpm.
Velocidade máxima de 190km/h
Câmbio: automático de nove marchas
Altura: 1.686mm (Sport), 1.716mm (Longitude) e 1.725mm (Trailhawk)
Peso seco: 1.674kg
Vão livre do solo: 207mm
Ângulos de entrada e de saída: 31,3 e 33 graus
Preço: R$ 100 mil a R$ 126 mil
VEJA O QUE OS CLIENTES TÊM A DIZER
Um ótimo carro, estável e muito silencioso na cidade e na estrada, com acabamento interno de qualidade e espaço interno legal. Essa é a descrição do arquiteto Diogo Franciosi para o Renegade Longitude, veículo comprado por ele em janeiro desse ano.
– Eu queria um carro com esse design. E o fato de ser da marca Jeep é ainda melhor, eu sempre quis ter um – conta.
Ele tinha um hatch japonês e, normalmente, trafega sozinho. Por causa disso, acredita, não lamenta o tamanho do porta-malas do Renegade. – Sei que não é grande, mas até agora não me faltou espaço, mesmo em viagens à praia, acompanhado. Perguntado sobre os pontos fracos do veículo, Franciosi cita o encaixe dos tapetes, segundo ele “de má qualidade e que não fixa direito”. Mas a maior lamentação é a aceleração do motor.
– A resposta é lenta. Meu pai entende de motor e me sugeriu colocar um equipamento que deixa o carro mais rápido, estou pensando nisso. Depois que embala um pouco, o carro vai bem, mas a saída realmente é lenta – avalia. Conforme o dono, com gasolina o carro faz entre 12 e 13 km/l na estrada e 8,5 na cidade.
Viagem por seis Estados
Bancária e fotógrafa de eventos, Fernanda Petri, também de Porto Alegre, está ainda mais contente com o veículo. Aventureira, ela comprou um Sport (flex e 4x2) em julho do ano passado e, em outubro, sozinha, partiu para uma viagem de 23 dias por seis Estados
– Achei o carro maravilhoso. É mais forte e mais altinho que a média, isso traz ótima sensação. Aprovei o conforto e a resposta do motor na estrada – conta.
Antes comprá-lo, Fernanda conta que testou outros três concorrentes. O acabamento e a pilotagem foram decisivos para a escolha do Jeep. Ela também acha que o porta-malas poderia ser maior, mas destaca que o estepe, diferentemente de outros modelos, é dentro do carro.
– Quando é fora, a chance de ser furtado é muito maior – lembra.
Conforme Fernanda, seu irmão tem 1.90m de altura e, no banco de trás, sentiu-se confortável. Sobre o consumo, sua resposta é idêntica a de Digo: 8,5km/l na cidade e entre 12 e 13km/l na estrada. Fernanda gostou tanto do veículo que estuda a possibilidade de trocá-lo por um Trailhawk. Engana-se quem pensa que seria pelos enfeites ou pela cor do carro.
– O motor a diesel é mais econômico. Além disso, faço trilha, e essa versão é três centímetros mais alta e tem melhores ângulos de ataque e de saída. Sei que o investimento é bem mais alto, mas o pacote de equipamentos de série vale a pena.