Na Campus Party, diretora da empresa que criou o aplicativo de paquera Happn falou nesta sexta-feira sobre o amor em tempos de redes sociais. Só no Brasil, o app tem hoje 1,7 milhão de usuários ativos.
Você precisou estudar comportamento ou a ciência por trás dos relacionamentos para trabalhar em um aplicativo como o Happn?
A ciência em que me baseio é a de ser uma menina normal dessa geração que usa aplicativos de relacionamento.
O fundador do Tinder disse que o Brasil era um dos mercados mais fortes. Isso se confirma com o Happn?
Sim. Começamos no Brasil há nove meses e já é o nosso principal mercado, tem crescido tão rápido aqui, é uma loucura. Temos 1,7 milhão de usuários no país, o que representa 15% da nossa base de usuários, de 11 milhões.
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Como é o investimento nas cidades em que o Happn é mais ativo, como Porto Alegre?
Estamos investindo ativamente em 35 cidades pelo mundo. Não estamos fazendo ações diretas de marketing em Porto Alegre, mas já temos 100 mil usuários na cidade. Em São Paulo, temos 600 mil.
Como os brasileiros se comportam no app?
Os brasileiros são muito ativos. Os usuários daqui compõem 15% da nossa base, mas fazem 30% dos crushes (quando duas pessoas mostram interesse mútuo). Vimos também que as mulheres no Brasil enviam mais charms (algo como um sinal de interesse) do que qualquer outro país. O número de mulheres também é mais equilibrado do que em outros países, geralmente a proporção é de 60% de homens. Ainda há convenções sociais do que as mulheres devem e não devem fazer, mas esperamos que isso não se reflita no Happn.
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Falar sobre aplicativos de relacionamento é entrar na antiga discussão entre virtual e real. O que você tem a dizer sobre isso?
Há extremos. Algumas pessoas focam muito na tecnologia e não vivem a "vida real". Mas isso é uma minoria. O que estamos tentando fazer com o Happn é colocar a vida real no contexto de relacionamentos online. O Happn é uma ferramenta que se baseia em interações reais para ajudar as pessoas a fazer conexões reais.
Por meio da hiperlocalização?
Usamos a hiperlocalização. O GPS dos smartphones podem abranger uma região ou um país inteiro. Escolhemos usar um raio de localização pequeno, de 50 metros e em tempo real. Então, todas as pessoas que vemos no aplicativo são pessoas as quais você cruzou em algum momento.
E vocês não veem como um risco compartilhar a localização tão aproximada?
No mapa é bastante aproximado, mas é impossível saber onde a pessoa está. Entregamos a localização para que seja possível lembrar onde foi o encontro, em um café ou em um bar. Segurança é nossa prioridade.
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E onde fica o romantismo?
O romantismo não morreu. Algumas pessoas dizem que encontraram seus companheiros em festas e os aplicativos nunca vão poder recriar aquele momento. Mas não concordo. Não tem uma maneira melhor de encontrar alguém ou uma receita para o sucesso. É legal conhecer pessoas ao vivo, é legal também conhecê-las pelo aplicativo. Não tem certo ou errado, o romantismo acontece a partir dos relacionamentos saudáveis.
Antes de trabalhar no Happn, você foi usuária de aplicativos de paquera?
Já usei Tinder, mas não gostei. Parece que as pessoas estão numa prateleira de supermercado. Acredito que é ruim forçar o usuário a fazer uma escolha assim. No Happn, você passa várias vezes pela mesma pessoa até tomar uma decisão.