A maconha medicinal começa a ser vendido nesta quinta-feira no estado de Nova York, o 23º dos Estados Unidos a autorizar este passo, entrando assim na maior cidade do país, que disponibiliza um local próprio para o cultivo.
Embora a Assembleia Estadual de Nova York tenha aprovado o texto legislativo há 18 meses, as cinco empresas escolhidas para cultivar e vender maconha para uso terapêutico foram nomeadas no final de julho.
Dessas empresas, a Bloomfield Industries é a única que decidiu localizar sua fábrica de 23 mil metros quadrados na própria Big Apple, em uma zona industrial em uma estrada no Queens (nordeste da cidade).
As outras abriram suas plantas em lugares mais baratos e menos expostos, especialmente no norte deste estado que atinge os locais de fronteira canadense.
O que saber para se posicionar sobre a legalização da maconha
Pesquisa: 60% dos juízes são contra a descriminalização do porte de drogas
Cultivos legais já existem em Denver (Colorado, centro) ou São Francisco (Califórnia, oeste), mas trata-se de uma novidade nos Estados Unidos para uma cidade de mais de um milhão de habitantes.
- Achamos que poderíamos formar a melhor equipe de horticultores, cientistas e farmacêuticos se instalássemos nossa planta em Nova York - explicaram à agência de notícias AFP desde Bloomfield, que emprega cerca de cem pessoas.
Visto do lado de fora, o local lembra um depósito de paredes desgastadas cujas portas foram obstruídas com a ajuda de blocos de cimento e janelas cobertas com madeira. Não há agentes de segurança nem policiais na área.
O que saber para se posicionar sobre a legalização da maconha
Pesquisa: 60% dos juízes são contra a descriminalização do porte de drogas
Na quinta-feira, as vinte clinicas previstas ainda não estarão abertas. O início da venda será progressivo, uma vez que de qualquer maneira só começou a inscrever pacientes em 23 de dezembro.
Só poderão ter acesso à maconha medicinal as pessoas afetadas por doenças graves como câncer, mal de Parkinson, esclerose múltipla ou certas formas de epilepsia.
O produto oferecido não será erva para fumar, mas pílulas, óleos ou gotas.
Segundo Nicholas Vita, diretor-geral da Columbia Care, outra das empresas escolhidas, entre 0,5 e 1,5% da população do estado de Nova York, cerca de 100 mil e 300 mil pessoas, podem ser autorizadas a comprar esta maconha medicinal.
O médico Stephen Dahner, responsável médico do Vireo Health para Nova York, outro laboratório autorizado, prefere ser prudente quanto suas estimativas.
Dahner tem como exemplo Minnesota (centro-norte), onde o Vireo está presente e o consumo foi menor do que o esperado.
Nenhuma das três empresas contatadas pela AFP deu duas tarifas, mas uma fonte próxima ao caso afirmou que custaria ao menos cerca de 200 dólares mensais por paciente.
Esta quantia deverá ser paga de maneira integral pelo doente, já que nenhum seguro médico norte-americano cobre esse tipo de tratamento.
Nicholas Vita argumenta que os pacientes que não tenham recursos suficientes receberão descontos.
Vinte anos após a Califórnia tornar-se pioneiro na legalização da maconha com fins terapêuticos no país, já são 23 estados e a capital Washington que entraram no bonde.
- As coisas estão indo na direção certa - avalia Stephen Dahner, alertando que "existem muitos tabus em torno da maconha".
A maconha ou seus produtos derivados não estão submetidos ao controle da agência norte-americana de medicamentos e alimentação (FDA) e carece de estudos científicos.
Segundo uma pesquisa realizada em maio do ano passado pelo instituto Harris, cerca de 81% dos norte-americanos se declara favorável à legalização da maconha para fins médicos.