*Estadão Conteúdo
Com uma alta de mais de 40% desde janeiro, o dólar se tornou um vilão para quem pretendia viajar aos Estados Unidos para fazer compras em 2015. A vantagem econômica foi reduzida de forma significativa, mas ainda é possível fazer bons negócios. No caso dos eletrônicos, há itens que saem pela metade do preço. E o ganho se mantém mesmo se for incluso na conta o imposto de importação sobre o valor que excede a cota de US$ 500 da alfândega.
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O benefício é maior nos produtos que foram lançados recentemente, como é o caso do iPhone 6S, apresentado ao público em outubro deste ano. A versão com 16GB de memória sai, em média, por R$ 3.999 nas lojas brasileiras, enquanto nos EUA custa R$ 2.673,88. Se considerado o pagamento de imposto na chegada ao Brasil, a diferença ainda é de R$ 943,68.
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Consoles de videogame, como o Playstation 4, também apresentam vantagem expressiva de preços lá fora. Nos EUA, o aparelho custa US$ 360, ou seja, não é nem necessário pagar taxa de importação, uma vez que ele entra na cota de US$ 500. Assim, o produto sai pelo equivalente a R$ 1.491 - R$ 709 mais barato do que no Brasil.
Àtila Graef, que trabalha na área de games, destaca que os itens que apresentam maior diferença de preço são os acessórios, como controles e headsets. Um exemplo disso é o controle do Playstation 4, que sai pela metade do valor se comprado lá fora. Além disso, há os itens "especiais", como o controle arcade, um acessório mais indicado para jogos de luta.
- Nos EUA, você encontra por US$ 150, mas no Brasil sempre passa de R$ 1 mil. São produtos pesados e quem importa sempre coloca uma margem de lucro alta -explica.
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Um "conselho" comum que se ouve entre os viajantes é tirar os produtos das caixas no retorno ao Brasil. Assim, eles supostamente não seriam considerados novos e escapariam dos impostos. De acordo com o auditor da Receita Federal Felipe Mendes, não é bem assim que funciona.
- Não importa se está dentro ou fora da caixa. Os objetos que forem trazidos nas malas têm de ser compatíveis com a circunstância da viagem.
Ele admite, porém, que a execução da regra se torna subjetiva, uma vez que depende da interpretação do fiscal sobre a tal circunstância.
- O universo de situações é muito amplo. Fica bastante complicado normatizar todas elas - assume.
E é nessa margem interpretativa que os consumidores se apoiam ao sonegar o imposto de importação. A punição, caso a Receita decida vistoriar as malas com itens não declarados, é severa: além do imposto de 50% sobre o valor excedido, é cobrada uma multa na mesma quantia.
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Antes de decidir voar para os Estados Unidos, é primordial ponderar se vale a pena viajar com o intuito de fazer compras mais baratas. E isso deve ser feito na ponta do lápis, tendo em vista gastos com hotéis e passagens, além de alimentação. Por esse motivo, um movimento que cresceu neste ano de crise foi o serviço de compra à distância, além do tradicional pedido a familiares e amigos que já estão com viagens programadas.
A consultora Paula Laffort, que trabalha como personal shopper em Miami, verificou a mudança de comportamento, mas ressalta que as compras não foram interrompidas.
- A diferença de preços continua muito vantajosa no setor de vestuário. Principalmente para quem precisa fazer enxoval de bebê ou reformar o guarda roupa - garante.
O serviço funciona assim: o cliente aqui no Brasil faz uma lista dos produtos que deseja e entra em contato com a consultora. Ela se encarrega de encontrar os melhores preços e envia as compras para o Brasil via Correios. Quando chega aqui, a compra é desembaraçada via Imposto de Importação, com alíquota única de 60% sobre o valor aduaneiro. Resumindo: é preciso calcular.
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