Desde que a Ericson negociou o primeiro contrato de telégrafos com o imperador Dom Pedro II, em 1876, suecos procuram no Brasil um vasto mercado em troca de tecnologia de ponta. Quase um século e meio depois - e retomando ofensiva comercial após um arrefecimento da crise financeira na Europa -, os nórdicos continuam atentos ao Brasil. Desta vez a mira está nas startups.
- Investidores suecos voltaram a procurar oportunidades nos setores de tecnologia no mundo inteiro. E o Brasil, apesar do atual momento de dificuldade, é uma oportunidade no longo prazo - explica o embaixador da Suécia no Brasil, Per-Arne Hjelmborn.
Em Porto Alegre na última quarta-feira, onde abriu um evento para apresentar oportunidades de parcerias entre gaúchos e suecos, Hjelmborn afirmou que empresários brasileiros podem buscar inspiração em companhias centenárias de seu país, e colaborar para fazer negócios.
- A proximidade cultural do Rio Grande do Sul com a Europa é um fator a mais a favor de parcerias - analisa Walker Massa, sócio da Nós Coworking, que promoveu o evento - Se conseguirmos buscar colaboração com empresas em parques tecnológicos e incubadoras da Suécia, poderemos acelerar a criação de produtos inovadores.
Startups que se tornariam gigantes nos seus setores, como o serviço de streaming de músicas Spotify e o programa de chamadas Skype, nasceram em terras suecas, lembra Massa. São 40 incubadoras e 30 parques tecnológicos no país de 10 milhões de habitantes, que abrangem 5 mil negócios.
Esse know how pode ser compartilhado e expandido ao mercado brasileiro, diz Massa.
- E nem é preciso levar o escritório para outro país. Hoje muitas as startups formam redes de colaboração mundiais, mantendo raízes em suas cidades de origem - explica Massa.
No Brasil, a presença maior de companhias suecas está no Estado de São Paulo - 220 fábricas e escritórios. No Rio Grande do Sul, um recente negócio envolveu a entrega de protótipos de equipamentos para caças pela AEL Sistemas para a Saab, que vai fornecer 36 aviões à Aeronáutica brasileira a partir de 2017.