Na última semana, a iniciativa de três berlinenses chamou atenção da internet. Com a parceria da estudante Golbe Ebding, o casal Jonas Kakoschke e Mareike Geiling criou a plataforma Refugees Welcome, espécie de Airbnb para imigrantes. Assim como o site original, a ferramenta, que nasceu depois que Jonas e Mareike abriram as portas de casa para Bakari Conan, refugiado malinês de 39 anos, une refugiados a pessoas dispostas a recebê-los em suas residências.
A reflexão do trio é assombrosa: em meio a um cenário de medo, morte e opressão, cerca de 224 mil imigrantes e refugiados chegaram à Europa em 2015, segundo a ONU - por que essas pessoas precisam depender dos abrigos do governo, que muitas vezes não oferecem a melhor estrutura?
No Brasil, iniciativas similares têm surgido, misturadas a instituições já estabelecidas, para oferecer conforto a quem escapa da guerra e da miséria para começar uma nova vida em um local desconhecido.O número oficial de refugiados dobrou em quatro anos, passando de 4,2 mil, em 2011, para 8,4 mil, em 2015, segundo dados do Comitê Nacional de Refugiados (Conare) do Ministério da Justiça.
O Rio Grande do Sul, que serviu de lar para imigrantes alemães e italianos no século 19, vive atualmente um novo processo imigratório, capitaneado sobretudo por africanos e caribenhos. Para quem prefere se envolver pessoalmente, seja levando doações ou sendo o voluntário, há o Centro Ítalo Brasileiro de Assistência e Instrução às Migrações (Dr. Barros Cassal, 220), em Porto Alegre. Criado em 1958, o Cibai é uma das entidades de maior referência na ajuda a imigrantes internacionais, solicitantes de refúgio, vítimas de tráfico de pessoas e estudantes internacionais em Porto Alegre. O centro, ligado à Igreja Católica, já atendeu somente neste ano 3.054 estrangeiros das mais diferentes nacionalidades.
_ Aqui fazemos a primeira acolhida. Prestamos a ajuda emergencial com roupas, comida e orientação para a confecção de documentos. Também damos aulas de português e fazemos a ponte com empresas que podem contratar esses imigrantes _ conta o padre João Marcos Cimadon, que trabalha há 12 anos nessa área.
O centro faz parte do Fórum Permanente da Mobilidade Humana, uma rede com mais de 20 instituições para a defesa de pessoas em mobilidade, como imigrantes. O Cibai aceita doações de roupas, alimentos e valores, e também recebe voluntários. Interessados podem contatar o centro pelo telefone (51) 3226-8800 ou no e-mail cibaimigracoes@gmail.com.
Já em Bento Gonçalves, uma das capitais da imigração no Estado, cinco alunas do curso de Técnico em Informática para a Internet do Instituto Federal do RS (IFRS) tiveram a ideia de desenvolver um manual completo, disponível em várias línguas, para quem chega ao país sem contatos ou conhecimento do português. As estudantes criaram o Helping Hand, aplicativo e site para ajudar imigrantes e refugiados.
- Decidimos criar esse aplicativo porque muitos imigrantes haitianos chegaram a nossa região e percebemos que eles têm diversas necessidades para se conseguirem se estabelecer, como tirar documentos, encontrar um lugar para morar e ter oportunidades de trabalho - explica Ingrid Baggio, uma das desenvolvedoras.
A plataforma criada por Ingrid com as colegas Aline Weber, Monique Invernizzi, Luana Bianchi e Laís Roman disponibiliza em um só lugar as informações essenciais para quem chega ao Brasil. Em cinco idiomas, é possível encontrar endereços e telefones de agências internacionais, locais como assistência jurídica, centros de apoio, comunidades e sociedades, templos religiosos, órgãos governamentais, consulados e embaixadas, instituições de ensino, aulas de português, oportunidades de emprego e hospitais.
O projeto recebe doações - que são repassadas a instituições beneficentes de acolhimento a refugiados e imigrantes. Qualquer pessoa pode entrar em contato através do e-mail contatohelpinghand@gmail.com