O ambiente será o maior prejudicado com a consolidação dessa tendência de mercado, segundo a bióloga e mestre em Gestão e Auditoria Ambiental Arlinda Cesar:
- Essa onda da praticidade vai totalmente contra o modelo de sustentabilidade. Porcionar os alimentos e separá-los em embalagens menores gera muito mais resíduo.
O professor de Gestão Ambiental da Feevale Roberto Kieling destaca que usar mais embalagens encarece o produto final.
- A agregação de subprodutos para embalar o alimento como papel filme e potes plásticos aumentam o preço final. Além disso, o impacto ambiental é imenso se não reciclarmos esse materiais - pontua o professor.
Para Arlinda, o hábito da praticidade foi importado de países de primeiro mundo, mas a realidade brasileira, no que se refere à reciclagem de lixo, ainda é muito incipiente.
- Porto Alegre, hoje, não consegue reciclar mais do que 10% de seus resíduos. Atualmente, vemos outra tendência em países desenvolvidos, que são os mercados sem embalagens. Em parte dos EUA, aterros foram abolidos e muitos produtos difíceis de reciclar, como o isopor, foram substituídos - diz a ambientalista.
O cálculo de Arlinda é até otimista. De acordo com o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), de todo o montante de resíduos produzidos na cidade, o que inclui domiciliar, seletivo, público e outros, apenas 3% é efetivamente reciclado.
Segundo a especialista, o uso do plástico como embalagem é bem recente começou há cerca de 50 anos. Então, não há evidência alguma de sua taxa de decomposição. O tempo de decomposição é apenas uma estimativa, baseada em alguns testes feitos em laboratório.
- Apesar de não serem biodegradáveis, os plásticos são fotodegradáveis, ou seja, quando em presença de radiação ultravioleta da luz solar, as cadeias de polímeros fragilizam-se e começam a quebrar. Isso infere que eles vão se quebrando em grânulos microscópios, mas até agora não se tem certeza de quantos séculos esse processo pode levar - explica a bióloga.
Clique nas imagens para conferir o impacto dessa tendência em cada área: no bolso, na saúde e no ambiente
Com casca ou sem casca?
O preço da praticidade no ambiente
Descubra quais as consequências ambientais geradas pelo produtos porcionados
Felipe Martini
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