Três instituições de ensino do Rio Grande do Sul foram autorizadas a criar cursos de medicina, em um total de 165 vagas. Os ministérios de Saúde e Educação informaram ontem a escolha das contempladas, que devem iniciar os cursos em um período entre três e 18 meses (até 2016), a depender da estrutura e organização já existente.
No Estado, as novas vagas serão na unidade de Erechim da URI - Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (55), Faculdade Estácio (50), que erguerá nova estrutura em Ijuí, e Universidade Feevale, em Novo Hamburgo (60).
Essas são as primeiras vagas a serem ofertadas no sistema privado a partir do novo modelo de expansão dos cursos de Medicina, previsto no programa Mais Médicos. A seleção das instituições ocorreu em 2014 e foi realizada em três fases, que avaliaram aspectos como saúde financeira da instituição, indicadores de qualidade e viabilidade das propostas. Outro requisito avaliado era oferta de bolsas para alunos de baixa renda em até 10% das vagas.
Em Erechim, o projeto pedagógico é previsto para 12 semestres, com enfoque técnico-científico, humanista e atenção integral à saúde comunitária. A universidade não confirmou a data de início do curso no norte do Estado. Será utilizada infraestrutura das redes de saúde municipais de Erechim, Nonoai e Getúlio Vargas.
Em Novo Hamburgo, a primeira turma ingressará no primeiro semestre de 2016. Serão três áreas prioritárias: Atenção à Saúde, Gestão em Saúde e Educação em Saúde. O programa foi elaborado a partir de parceria com as prefeituras de Novo Hamburgo, Campo Bom, Dois Irmãos, Ivoti e Sapiranga.
Cremers teme perda de qualidade
- Foi um projeto pensado, gestado e organizado na coletividade, e acredito que esse foi o nosso diferencial - afirma a reitora da Feevale, Inajara Vargas Ramos.
A Estácio ainda terá de construir uma unidade e um hospital universitário em Ijuí antes de iniciar as atividades, conforme sua assessoria de imprensa. A Unisinos, em São Leopoldo, havia solicitado vagas, mas a cidade não foi contemplada. Até o início da noite de ontem a instituição aguardava relatório do Ministério da Educação (MEC) antes de se manifestar. Ainda cabe recurso da decisão do órgão federal. Além da Unisinos, o grupo Kroton também teria se apresentado como alternativa em São Leopoldo - a assessoria de comunicação do grupo não foi encontrada pela reportagem.
Conforme o MEC, há 14 cursos de Medicina ativos no Estado. O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) informa que o número de formados a cada ano no RS é de cerca de mil alunos. Para o presidente da entidade, Rogério Wolf de Aguiar, o Brasil forma quantidade suficiente de médicos, e não há garantia de que os formados permanecerão nas cidades do Interior.
- De fato, existe uma centralização no atendimento. Mas é um erro pensar que o atendimento será ampliado em cidades que ainda oferecem pouca estrutura para a atividade médica - afirma.
Entidades como o Conselho Federal de Medicina e a Associação Brasileira de Escolas Médicas (Abem) argumentam que há risco de perda de qualidade em razão da ampliação na formação. Essas organizações lançaram neste mês um modelo próprio para avaliar os cursos da área, independente do adotado pelo governo federal.
A previsão é que 2.290 vagas sejam abertas em 36 cidades do país. Os municípios não têm faculdade na área e não são capitais de Estado, o que contribui para a interiorização do ensino médico, conforme o Ministério da Saúde.