A história é verídica, mas, devido à emoção que despertou, pode trazer algumas informações incompletas ou imprecisas (ou até várias, já que a memória já não é mais essas coisas).
Os protagonistas: o presidente de uma grande companhia brasileira, de apenas 38 anos; sua esposa, uma advogada de renome na cidade; e os dois filhos do casal, um menino de sete anos e uma menina de três. A contadora da história: uma professora e coach de seleto grupo de CEOs brasileiros.
"Finalmente, vamos nos ver livres de ti", disse o filho
Em uma das sessões, o presidente revela para sua treinadora que iria se separar da mulher. Seria numa boa, mas não haveria mais jeito de a união prosseguir. Quando a notícia foi dada, o filho mais velho sentenciou, aos berros, na luxuosa sala da casa: "Finalmente, vamos nos ver livres de ti".
O baque doeu mais do que a mais arrasadora das demissões, e a coach, após ouvir o relato, repassou uma "tarefa de casa" ao bem-sucedido empresário e fracassado pai e marido.
Ouvir a agora quase ex-mulher e questionar-lhe sobre as situações em que ela derrubou lágrimas porque ele não estava presente e também episódios em que ela nem sequer pôde fazer isso porque precisava sustentar uma imagem diante dos filhos pequenos. Também pedira que o empresário lhe perguntasse sobre alguma característica dela que ele desconhecia e que ela gostaria que ele soubesse.
No dia seguinte, o CEO implorava que a professora, que estava no intervalo de uma aula, fosse até seu escritório. Chegando ao local - uma sala com aquelas mesas de mais de metro -, na distante ponta da mesa, o presidente, tomado de lágrimas, apresentava, sem constrangimentos, o resultado de sua tarefa. Pela primeira vez depois de muitos e muitos anos, conversou com a mulher. Passaram a noite em claro e decidiram, juntos, tentar mais um pouco antes da separação.
"Pai, hoje, foi o melhor dia da minha vida!"
No dia seguinte, resolveu buscar o filho na escola. Nunca fizera isso. E propôs-lhe almoçar em qualquer lugar que ele quisesse. Depois de um hambúrguer, foi brincar com o filho no playground do prédio. Ao final do dia, o feedback mais tocante que recebera de alguém:
- Pai, hoje, foi o melhor dia da minha vida!
Depois disso, o empresário decidiu mudar drasticamente de vida. Deixou a companhia, almejada por nove entre 10 profissionais renomados no mercado brasileiro, para investir em um negócio próprio, que lhe garantisse mais tempo livre para a família. E, definitivamente, não se arrependeu. Seguia tendo dinheiro, mas o dinheiro não o tinha mais. O tempo - que, diferentemente do dinheiro, não volta mais - estava, agora, sendo bem destinado aos seus maiores tesouros na vida.
Enquanto ouvia o relato, lembrava do caso divulgado no ano passado, quando um alto executivo se demitiu da empresa após receber a carta de sua filha de 10 anos, na qual ela listava 22 acontecimentos importantes da sua vida que o pai perdeu, devido a compromissos do trabalho. Como é bom quando há ainda tempo para a mudança e para priorizar o que verdadeiramente importa nessa vida.
E nossos filhos são mais felizes e realizados com a nossa simples presença do que, muitas vezes, somos capazes de imaginar. Concluo isso depois de receber o convite irrecusável do piá: "Mãe, sei que tu tem bastante coisa pra fazer, mas vamos sentar de novo lá fora no gramado e olhar as estrelas? Adoro quando a gente fica lá fora, conversando ".