A ideia de obter renda pilotando a moto atrai muitas pessoas à carreira de motofretista. Mas não basta colocar o capacete para ser considerado um motoboy profissional. Desde 2009, é obrigatório realizar um curso de formação - e que não é apenas uma burocracia.
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Qualificação para motoboys: sobram vagas, faltam alunos
O motofretista Júnior Amaral, de Alvorada, atua no ramo há sete anos, mas só fez o curso agora, depois da obrigatoriedade. Ele ressalta que, além de tirar muitas dúvidas, a formação amplia o profissionalismo no segmento.
- Hoje, o motofrete é uma carreira e deve ser encarado como tal, sem ser marginalizado. Profissionais despreparados acabam gerando má reputação - diz.
Contratado por uma empresa, ele destaca que o salário fixo é uma vantagem de ser empregado. No entanto, do tempo de autônomo, lembra que ser o próprio chefe permite renda melhor - embora traga jornada maior e necessidade de mais agilidade nas entregas.
- Tu tens que conhecer os clientes primeiro, mostrar um bom trabalho, e então eles passam a ligar direto pra ti - ensina.
Valter Ferreira, presidente do Sindicato dos Motociclistas Profissionais (SindiMoto), destaca que a entidade tem parceria com a prefeitura para registro do alvará para autônomos, e associados têm apoio jurídico e outros benefícios. O registro garante segurança ao cliente, que pode localizar o entregador caso haja qualquer problema no serviço.
Hoje, Porto Alegre tem cerca de 16 mil motoboys, e 400 deles são mototaxistas. Na Região Metropolitana, são 60 mil. Em todo o Estado, os profissionais registrados chegam a 250 mil - representam mais de 25% da frota de 992 mil motos do Rio Grande do Sul. São 10 milhões de profissionais no Brasil.
Entre na linha
Exigências da Lei 12.009/2009
* Ter 21 anos completos.
* Carteira A (mínimo dois anos).
* Certidões negativas criminais.
* Curso especializado para mototaxista e motofretista (Resolução 410/2012 do Contran) - 30 horas, com 25 de teoria e cinco de prática. Realizado por Sest/Senat e CFCs cadastrados.
Equipamentos
1. Segurança
* Uso de capacete é obrigatório, como para qualquer outro motociclista.
* Júnior indica uso de calças de brim e jaqueta para proteção contra queimaduras. Pode-se optar por cotoveleiras e joelheiras também.
* Outros equipamentos podem ser usados: protetor de pernas (também para passageiro, para mototaxistas) e aparador de linha.
2. Seta sempre
* Indicar troca de faixa, conversão e paradas à margem da pista garantem que veículos à frente e atrás do profissional notem sua presença e evitem colisões.
3. Mínimo de 125cc
* A lei exige que as motos tenham, no mínimo, 125 cc.
4. Retrorrefletivos
* Lei exige que profissionais adesivem baú e capacete com faixa vermelha e branca retrorrefletiva. Também é obrigatório usar colete com as faixas refletivas.
Dicas de profissional
* Mantenha a moto sempre em dia, e use os equipamentos de proteção.
* Conheça bem a rota em que trabalha, para ser mais ágil. Se precisar de informações, prefira taxistas e policiais militares.
* No chamado "corredor", não ultrapasse os 60 km/h.
* Deixe a viseira sempre abaixada, para evitar poeira e insetos nos olhos.
* Olhe sempre no espelho e garanta que o motorista à frente também veja onde você está.
* Não aproveite o vácuo dos caminhões, o impacto é muito pior.
* Em percursos mais longos, fique do lado direito da via e permita a ultrapassagem, para evitar que os motoristas cortem a frente da moto.
Autônomo x contratado
* Trabalhar como contratado significa salário certo no final do mês. Mas trabalhar como autônomo permite ganhar mais, uma vez que quanto mais entregas faz, mais o motofretista recebe.
* Por outro lado, o autônomo trabalha mais e tem que andar mais rápido, para conseguir mais entregas.
* As empresas não costumam ter expediente no fim de semana. Os autônomos podem escolher se trabalharão - quem vai para a praia também pode trabalhar por lá.