Seja um solitário vasinho de alecrim ou uma plantação farta de legumes e verduras, as hortas domésticas são as sementes da revolução orgânica. Qual a origem do que você põe no seu prato hoje? Dependendo de onde se compra ou consome, pode ser difícil saber. Mas, se vem do jardim, cuidado com afeto e atenção, pode ser a garantia de alimentação saudável - tema essencial à qualidade de vida.
A retomada do hábito de se cultivar plantas em casa - ou em apartamentos, por menores que sejam - é reflexo de um momento em que o debate sobre ambiente e saúde está em evidência. Produzir o que se come, além de evitar o desperdício, assegura que você vai servir para sua família uma salada temperada com carinho. Ter uma horta, segundo especialistas, é resgatar a essência do ato de se alimentar, isto é, a consciência de que tudo o que comemos vem da natureza.
Adepta ao cultivo de horta em casa, cineasta tem verde nas paredes do apartamento
- Tem muita criança que nunca viu uma galinha, uma laranjeira, porque só conhece a comida da forma como ela se apresenta nas prateleiras dos supermercados - diz o chef de cozinha Pietro Rocha, um dos idealizadores da rede digital de gastronomia consciente Tribo Viva.
Se você pensar que, antes de chegar até as panelas, a comida é produzida, processada, embalada, transportada e distribuída - e que cada um desses passos exige recursos, gera resíduos e, como consequência, aumenta a poluição -, pode encontrar sentido em cultivar pelo menos parte do que consome. Mas a função da plantação não é só essa. Há um quê filosófico, lúdico e educativo em sujar as mãos de terra, implementar um ritual diário de rega e acompanhar o crescimento da planta, da semente à colheita dos frutos, flores ou folhas. Não à toa, os personagens desta reportagem definiram a atividade como uma terapia.
- Ter de respeitar o ritmo de crescimento de uma alface vai na contramão da lógica da sociedade imediatista em que vivemos, que nos ensina simplesmente a ir ao mercado e, após o pagamento, obter em menos de dois minutos a mesma alface - afirma o engenheiro agrônomo Gabriel Specht, mestre em desenvolvimento rural.
Uma chance para aproximar pessoas
Em uma época corrida em que mal se sabe o nome do vizinho, uma horta também pode reaproximar pessoas, de acordo com o publicitário Marcos Delgado, da Tribo Viva:
- Isso pode se dar no compartilhamento de experiências com os moradores do seu prédio, nos grupos especializados em hortas nas redes sociais, ou mesmo nas feiras orgânicas, onde há laços estreitos entre frequentadores e produtores rurais.
É uma questão, afinal, afetiva. Quando alguém se relaciona com o ingrediente, cuidando da horta, vendo seu crescimento e colhendo o alimento fresco, a cozinha se torna um ambiente mais prazeroso. E a criatividade aflora, impulsionada também pelo aumento da oferta de cursos de gastronomia, pelas dezenas de programas temáticos na televisão e pela infinidade de informações disponíveis na internet. A pesquisa pela palavra "horta" no YouTube, por exemplo, gera aproximadamente 297 mil resultados.
- As redes de supermercados distribuem uma loja a cada esquina, mas será que o tomate vai ter gosto de tomate? - reflete a bacharel em Gastronomia e professora de culinária criativa Carolina Albuquerque.
Cinco passos para começar
1. O recipiente onde você vai plantar a semente ou a muda deve ter um furo embaixo. Isso auxilia na drenagem da água, para que a planta não morra encharcada.
2. Use uma camada de brita ou cascalho como base do plantio.
3.Depois, coloque terra preta até chegar perto do topo. Você pode misturá-la com um pouquinho de vermiculita (na proporção 1/3), que torna a terra mais úmida e aerada, o que é bom para a germinação das plantas.
4. Coloque as sementes. Cuide para não afundá-la demais na terra. Se a semente for pequena, a camada de terra sobre ela deve ser fina. O ideal é que a profundidade não ultrapasse o dobro do tamanho da semente. Ou seja, se a semente tem 3mm, deve ficar no máximo a 6mm da superfície.
5. Nos primeiros dias, use um borrifador de água em vez do regador. Assim, você mantém a superfície úmida e não "afoga" a planta.
Fonte: Diana Werner, engenheira de produção e presidente da Isla Sementes
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