A história da idosa que, antes de morrer, recebeu autorização para se despedir de sua cachorra de estimação dentro do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), emocionou leitores e repercutiu nas redes sociais.
Nesta sexta-feira, o Diário teve acesso ao vídeo que registrou o encontro entre Maria Teresinha Prieto Flores, 80 anos, carinhosamente apelidada de Tetê, e a poodle Pink, de 10 anos, na última quinta-feira.
- Ela perguntava pela cachorra e queria vê-la todos os dias. A direção do hospital autorizou e o que pude fazer, fiz: dei banho, coloquei topinhos e a deixei bem cheirosa para a visita - conta a comerciária e amiga da idosa, Silvana Stello, 42 anos.
Tetê nasceu em Passo do Raimundo, interior de Estância Velha, e morava em Santa Maria há mais de 30 anos. A aposentada não teve filhos e era viúva. Contudo, teve um afilhado, Valmir dos Santos Stello, o qual lhe possibilitou a formação de uma segunda família. Tetê era vizinha do afilhado, e a filha de Valmir, Jéssica Stello, 19 anos, sempre foi considerada uma neta. Foi ela quem deu a cadelinha Pink de presente para a idosa.
- Morei um ano com a Tetê, e ela se apegou tanto à Pink que acabei deixando com ela. Todas as manhãs, tomavam café juntas e eram inseparáveis. Muitas vezes, ela ficava em casa e deixava de ir aos lugares que não aceitassem a entrada da Pink - conta Jéssica.
Por cerca de oito anos, a idosa e a cadela mantiveram uma convivência diária. Tetê lutava contra um câncer de pulmão e estava hospitalizada há um mês. Ela morreu na última segunda-feira.
- Ao mesmo tempo que ficamos triste com o falecimento, foi um alívio saber que ela descansou depois de tanto sofrimento. Chega a ser difícil falar alguma coisa sobre os últimos dias e o encontro(da idosa com a cachorrinha) que emocionou até a equipe do hospital. Foi mesmo uma despedida e a realização do último sonho dela, com aquele beijo na Pink - diz, emocionada, Jéssica.
Um vínculo forte com os animais
Segundo o chefe da divisão médica do Husm, Larry Argenta, desde que tomadas as devidas precauções, a visita de animais poderia ser incentivada, sobretudo em casos pediátricos e psiquiátricos. Em alguns casos, o contato pode contribuir até na melhora de alguns pacientes:
- Me surpreendi ter sido a primeira vez que isso acontece aqui no Husm. Há um vínculo muito forte entre animal e paciente e não há porque não permitir a visita. Com os humanos, os riscos de contaminação também existem e temos de ter os mesmos cuidados. Claro que não é simplesmente entrar e sair circulando com um cachorro em qualquer área. O ideal seria que um veterinário sempre fizesse uma avaliação no animal.