A cerveja é uma bebida popular. Com uma história com origem há mais de 6 mil
anos, já foi considerada alimento. Séculos depois, se tornou uma bebida masculina, geralmente associada a reuniões em bares barulhentos e muita algazarra. Mas isso mudou. Nos dias atuais, a cerveja ganhou status e, na versão artesanal, virou bebida gourmet, brilhando imponente em mesas sofisticadas. Tem até sommelier especializado em harmonizá-la com pratos do dia a dia ou de alta gastronomia, cursos para a elaboração de cervejas caseiras e confrarias masculinas e femininas de apreciadores da bebida.
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O que representa, aliás, uma reconquista feminina. Pois, na Babilônia e na Suméria, lá pelos anos 4.000 a.C. eram elas as responsáveis pelo fabrico da cerveja, e as que assumiam a função de mestres-cervejeiras eram vistas quase como figuras divinas. Conta a história que a cerveja, antes de ser vista como uma bebida mundana, foi oferenda para os deuses, alimento para os pobres, moeda para pagamento de trabalhadores e, quando aromatizadas, reservadas aos nobres.
Com a importância conquistada pela cerveja nas mesas gourmet, vale a pena aprimorar os conhecimentos sobre a bebida que está na moda.
PRODUÇÃO CASEIRA
O movimento slowfood, que prega uma alimentação com prazer, consciência e responsabilidade, surgiu em 1986 e foi seguido pelo slowbeer, com os mesmos conceitos, fugindo da padronização de sabores e aromas da cerveja. Além disso, os altos impostos para a bebida influenciaram na procura por utensílios, matéria-prima e equipamentos para a elaboração artesanal (homebrewing). Como consequência, clube de colecionadores foram formados, confrarias começaram a se reunir para degustações e concursos foram organizados. O movimento cervejeiro, no Brasil, tomou corpo em 2005 com o surgimento de cervejarias artesanais e de bares temáticos. O mesmo fenômeno ocorreu com a expansão dos interessados em produzir cervejas caseiras.
SAIBA MAIS
> Produzir cerveja já foi atividade doméstica. Os homens cuidavam da caça, da guerra e do trabalho braçal, e as mulheres ficavam responsáveis por produzir alimentos e bebidas. Como o pão e a cerveja tinham os mesmos ingredientes, elas preparavam ambos simultaneamente.
> Até o século 18, no norte da Alemanha, os utensílios para a produção de cerveja faziam parte do enxoval das noivas.
> No Brasil, usa-se a palavra chope para designar a cerveja armazenada em barris e servida através de torneiras depois de resfriada ao passar por serpentinas.
> Com o tempo, as receitas de cerveja foram sendo modificadas. Bebidas que usavam trigo, arroz e milho em lugar da cevada e também as que ganhavam açúcares e frutas eram rotuladas como cerveja. Na Alemanha, para estabelecer padrões para a bebida, foi promulgada a Lei da Pureza, em 1516, determinando que os únicos ingredientes permitidos para a fabricação da cerveja germânica eram água, malte de cevada e lúpulo. A levedura não foi citada porque, na época, acreditava-se que fermentação era dádiva divina. Ela foi anexada, no final do século 19, a partir de estudos de Louis Pasteur. Mais tarde,foi incluído o malte de trigo.