Enquanto aguarda a chegada de Pietra, Juliana Galego, 28 anos, se prepara com meditação, ioga e exercícios físicos específicos para gestantes. O objetivo é manter o estresse controlado para que, antes e depois do nascimento, Pietra seja um bebê calmo e saudável.
- Acredito que meu bem-estar vai influenciar a qualidade de vida dela. A ioga e a meditação são fundamentais para dialogar com o bebê. Quero que ela sinta todo o carinho e amor que tenho - explica.
A mãe está certa. De acordo com a psicóloga Helena Morais, especialista em neonatologia, o estresse já faz parte da rotina de grande parte das mulheres modernas, mas, em excesso, afeta também a qualidade de vida do bebê antes mesmo que ele nasça.
- É normal estar ansiosa. O estresse vai ocorrer, principalmente porque a maioria das mulheres mantém uma rotina de trabalho e afazeres pesada. No entanto, quando a angústia é grande e a mãe não se sente feliz, esse sentimento negativo pode ser prejudicial para o bebê - diz a profissional.
Depressão, problemas familiares, gestação indesejada ou na adolescência são os principais casos de estresse grave que afetam as mulheres. A comunicação entre mãe e feto ocorre durante todo o período gestacional e, assim como as substâncias ingeridas por ela entram em contato com o bebê pelo cordão umbilical e pela corrente sanguínea, os impulsos psíquicos e químicos causados pelo estresse serão sentidos pelo bebê. Isso ocorre porque a instabilidade emocional provoca alterações neuro-hormonais e na pressão arterial.
Em quadros assim, o sistema nervoso da mãe passa a liberar em maior quantidade as chamadas substâncias catecolaminas, das quais a adrenalina é um exemplo. Essas substâncias passam pela corrente sanguínea até o bebê, provocando perturbação semelhante àquela vivida pela mãe.
- O feto entra em contato com sentimentos de temor e angústia. A tristeza profunda também faz com que a mãe se isole, mostrando-se pouco disponível. A comunicação entre ela e filho se perde, e o pequeno pode sentir-se sozinho e inseguro - explica a psicóloga.
Em casos extremos, o hormônio cortisol, também liberado durante períodos de longo e forte estresse, ao chegar ao cérebro do feto, pode causar mudanças funcionais e estruturais.
- Tirar alguns momentos do dia para conversar com o bebê, fazer atividades físicas, relaxar, ouvir música, interagir afetivamente com a criança são coisas aparentemente simples, mas que influenciam diretamente na felicidade da mãe, e consequentemente, na do bebê - explica a especialista.
Faça o teste
:: Escolha um ambiente onde se sinta à vontade
:: Sente-se em uma posição confortável, procure relaxar e esquecer os problemas
:: Mantenha os olhos fechados enquanto respira pelo nariz, deixando que apenas o abdome se contraia, evitando forçar a respiração pelo tórax
:: Inspire e expire lentamente, aumentando o tempo da respiração
:: Com as duas mãos, envolva a barriga e visualize o bebê, dizendo a ele mentalmente o que sente. Leve sentimentos de calma e proteção ao seu bebê
:: Permaneça no exercício por pelo menos cinco minutos
Pós-parto
Maria Isabel Tafuri, psicóloga e membro da Sociedade Brasileira de Estudos sobre o Bebê (Abebê), explica que o ambiente em que o filho cresce também determina a qualidade de vida.
:: Ela afirma que se a mãe passa por um momento difícil, o ambiente onde essa criança se desenvolverá propiciará maior estresse também para ela. O bebê não sentirá uma relação de proteção da mãe.
:: A psicóloga ressalta que é importante estabelecer um ambiente de harmonia para a chegada de uma nova criança e que um bebê com estresse pode desenvolver distúrbios alimentares e de sono. As marcas deixadas se transformarão em memórias negativas. Dependendo do grau de estresse, algumas características podem determinar a personalidade do filho na infância.