O cineasta americano Quentin Tarantino admitiu, em entrevista publicada nesta quinta-feira (19), que sabia há décadas que o produtor Harvey Weinstein cometia abusos sexuais e confessou sentir-se envergonhado por não ter feito nada a respeito.
"Sabia o suficiente para ter feito mais do que fiz", disse o cineasta, ganhador de dois Oscars, ao jornal The New York Times, citando vários episódios envolvendo atrizes famosas. "Havia algo mais que os tradicionais boatos e as fofocas habituais. Não era (informação) de segunda mão", destacou.
Weinstein, de 65 anos, foi acusado de abuso e assédio sexual por 40 atrizes, entre elas Gwyneth Paltrow, Angelina Jolie e Mira Sorvino, ex-namorada de Tarantino. A Polícia de Los Angeles abriu uma investigação sobre uma possível sexta vítima de abuso sexual.
O ex-produtor de Hollywood renunciou ao cargo no conselho administrativo de seu estúdio esta semana, depois de ter sido demitido da Presidência. Tarantino disse ao Times ter ouvido sobre a conduta de Weinstein muito antes da publicação dos artigos deste jornal e da revista The New Yorker, que revelaram o escândalo.
"O que fiz marginalizou os incidentes", disse. "Qualquer coisa que diga agora soará como uma desculpa barata", acrescentou o diretor, premiado com o Oscar de melhor roteiro por Django Livre em 2013 e Pulp Fiction em 1995.
Weinstein e Tarantino trabalharam juntos por décadas, desde que o produtor distribuiu Cães de Aluguel em 1992. Depois, ambos trabalharam em Pulp Fiction, Kill Bill, Bastardos Inglórios e Os Oito Odiados.