Bolo, brigadeiro,decoração de futebol e doações. Foi assim que aconteceu o aniversário do acreano Benício, de cinco anos, no dia 27 de agosto, em Rio Branco. Topando a ideia da mãe, a psicóloga Sara Braga, o menino resolveu fazer uma festa diferente dos anos anteriores, e em vez de ser presenteado, escolheu presentear. Sara sempre notou que o filho tinha muitos brinquedos e que não brincava com todos. Durante uma conversa sobre os presentes de aniversário, Sara explicou para o filho que havia muitas crianças que não tinham com o que brincar, o que comer e que ele tinha muita sorte. — São crianças de rua, né? — perguntou Benício.
Ele colocou a mão na perna de Sara e disse:
-Já sei, mãe. Você quer que eu dê os meus presentes para eles?
Na hora, ela riu e disse que seria legal, achando que a criança não faria isso. Sara, então, perguntou o que o filho achava. Benício afirmou que não ficaria chateado e que existiam muitas crianças que não tinham pai nem mãe como ele. Em entrevista para GaúchaZH, Sara conta que chorou muito após a conversa com o filho e que ficou com medo da reação dele. — Conversei com ele todos os dias até o aniversário e ele continuou firme na decisão — relata.
Sara teve o cuidado de avisar os convidados que os presentes não ficariam com Benício e que seriam doados para crianças pobres. Isso fez com que as doações fossem mais plurais, uma vez que os convidados levaram roupas, bonecas e brinquedos unisex. A mãe ficou muito nervosa no dia da festa, com receio de que Benício se arrependesse da doação. Porém, em nenhum momento isso aconteceu. — No dia seguinte, fiquei com medo. Pensei que ele poderia querer abrir os presentes, mas ele não quis abrir nenhum. Ao contrário, ele me perguntou em que dia iríamos entregar — conta.
Como os dois estavam com viagem marcada, a mãe explicou que entregariam quando voltassem. E, no dia 9 de setembro, Benício e Sara foram até a comunidade do Ramal do Pica Pau, no município de Rio Branco, para fazer a doação. Felizmente, o número de presentes foi exato e nenhuma criança ficou sem. E quem entregou cada presente, na mão de cada criança, foi Benício. Após, o único momento em que ele ficou chateado foi por ter que ir embora e não poder passar o dia brincando com as crianças. Viciado em futebol, ele ficou triste por não poder continuar jogando com um menino que havia ganhado uma bola.