Ana Patrícia e Duda estão na final do vôlei de praia feminino, podendo repetir um ouro que só aconteceu uma vez, em 1996, quando Sandra e Jackie Silva conquistaram o primeiro título feminino para o Brasil na história olímpica. Duda não cabia em si de tanta satisfação numa zona mista próxima de torcedores e que festejavam o feito das brasileiras.
Ela contou que, todas as noites, ao ir para o quarto reza, observa o uniforme especialmente preparado para cerimônias de pódio e fala com a roupa, dizendo:
— Eu vou te usar. Eu vou te usar.
Realmente, Ana e Duda vão usar a roupa de medalhistas.
Kiraly, o maior de todos, segue sendo um carrasco brasileiro
Em 1984, começamos a sofrer com ele na quadra, liderando um time notável dos Estados Unidos que ganhou da geração de prata brasileira nos Jogos de Los Angeles.
Depois ele foi para a praia e muitos foram os embates em que os brazucas sucumbiram à dupla que fazia com Kent Steffes.
Karch Kiraly é o único jogador a ter sido campeão olímpico na quadra — duas vezes — e na praia. Como treinador voltou para as quadras e dirige um time fabuloso de vôlei feminino.
A eliminação do Brasil para os Estados Unidos na corrida pelo ouro passa por erros brasileiros, mas foi claramente diante de um time superior que em Tóquio, há três anos, foi avassalador.
E lá está Kiraly novamente, como em 2021, dirigindo a equipe que começou titubeante no atual torneio, se afirmou, passeou contra a Polônia, bateu o Brasil e que certamente vai abalar a Itália na final de domingo. O bicampeonato norte-americano é uma possibilidade forte. Lá estará o Míster Vôlei.
A espiadela das gurias medalhistas
Não há derrotas que abalem o carisma da seleção brasileira de vôlei feminino do Brasil. Na Arena Paris Sul, havia lágrimas e gestos de carinho e afago de todos os lados depois da derrota na semifinal para os Estados Unidos.
Tudo começava na quadra, passava pela torcida e chegava até nas áreas de imprensa. Na chegada do vestiário, como duas tietes, estavam dois símbolos vitoriosos da delegação brasileira: Rebeca Andrade e Raíssa Leal.
Ambas, como meninas levadas, passaram o tempo todo em que as atletas do vôlei davam entrevistas, espiando por três do cenário para ver se elas demorariam muito para os abraços, uma conversa de consolo e uma série de fotos.
Existe base para mais um ciclo das poderosas
O ouro não veio, mas o bronze é muito necessário para a seleção brasileira de vôlei feminino. Por melhores que tenham sido as atuações, mesmo com o carisma e a qualidade das atletas e a sabedoria de José Roberto Guimarães, fazer uma campanha só de vitórias, cair na semifinal e perder o terceiro lugar será a repetição do que aconteceu na recente Liga das Nações.
Isto não é bom interna e externamente para um elenco que pode ser projetado como sólido para o próximo ciclo olímpico. É difícil pensar em troca no comando, é bom lembrar que Ana Cristina tem apenas 20 anos e que já traz duas Olimpíadas na bagagem e não parece grande o prejuízo em projetar Gabi jogando em alto nível aos 34 anos em Los Angeles.
Há ainda nomes como Nayeme, com 25 anos, sendo múltipla como líbero e levantadora ou até Rosamaria podendo ser novamente protagonista em 2028.
Não teremos mais a personalidade, a força e a altura de Thaísa, mas o que mais precisaremos é encontrar uma levantadora.
- Medalha de Ouro: Edival Pontes - O paraibano Netinho foi a alegria brasileira numa quinta-feira de frustração no vôlei feminino. Não é de hoje que o taekwondo vai ao pódio olímpico para o Brasil. Mesmo com o bronze, ele chama a atenção para a modalidade no país que não a badalava muito antes dos Jogos.
- Medalha de lata: natação Brasileira - Ganhar medalhas não é obrigação de ninguém e de nenhuma modalidade em Olimpíada, mas ter o pior desempenho em 36 anos, com apenas quatro finais disputadas e nenhum pódio faz a gente colocar as barbas de molho, especialmente na piscina. O quarto lugar de Ana Marcela Cunha na maratona aquática foi o resultado mais expressivo, junto com a décima colocação de Viviane Jungblut.