Quando se esperava um jogo de bola tocada e espírito ofensivo de ambos os lados, o que se viu em Grêmio e São Paulo foi um confronto truncado, com muitas faltas, poucas chances de gol de ambos os lados e em que a superação valeu a vitória para os gremistas. Se contra o Santos na Libertadores, o fracasso do time de Renato se deveu à falta de entrega ou à submissão diante de um adversário mais aguerrido, contra a equipe de Fernando Diniz se viu o contrário.
Houve entrega, muita entrega, substituindo aquilo que tradicionalmente caracterizou o time de Renato Portaluppi. O Grêmio foi mais copeiro e ganhou, apesar da apatia de sua principal figura técnica. Jean Pyerre não entendeu o jogo e destoou de todos seus companheiros.
Não se condena os torcedores que por vezes se dizem irritados com a frieza de determinados jogadores. Em meio a corridas malucas e divididas temerosas dos companheiros, o armador do Grêmio pouco se interessou em disputas de bola e só mostrou sua qualidade em raras vezes em que recebeu-a no pé. A noite foi de bravura do experiente e decisivo Diego Souza, de Kannemann que se desdobrou após a saída de Geromel, da Ferreirinha que entrou para decidir ou até de Thaciano que foi uma escolha arriscada de Renato, mas que, enquanto jogou, compensou a cadência descompromissada de Jean Pyerre. Aliás, a atuação do articulador deu razão ao treinador quando este disse que não havia uma dependência do time em relação a ele.
A vitória dá uma vantagem interessante para a partida do Morumbi. Haverá uma semana para esperar algumas recuperações físicas importantes, para elaborar uma estratégia que aproveite a necessidade são-paulina de sair em busca do gol. Este período também deve ser usado em conversas ou cobranças com Jean Pyerre. Com a bola que joga, o meia sabe que só se completará como grande jogador quando aprender todas as sílabas da palavra "comprometimento".