Cada colorado tem sua história para contar sobre a noite do título. Ruas de fogo, churrasco na casa dos amigos, entrando no Beira-Rio sem ingresso… Já ouvi tantas histórias. É justo lembrar desta data com muito carinho. Hoje, a conquista da América completa 18 anos. Você lembra onde estava? Eu estava com o Grêmio.
Queria estar no Beira-Rio, óbvio. Eu tinha 26 anos. Passaria o dia todo entre a Ipiranga e a Imperadores do Samba. Parando de bar em bar. Mas não pude viver isso. Em 2006, estava começando a carreira de jornalista esportivo e estava no fim da fila dos repórteres da Rádio Bandeirantes. Os primeiros desta fila foram escalados para a final entre Inter x São Paulo. Para o sexto repórter da equipe sobrou uma viagem para Recife.
Sim. A escala me mandou para o Mundão do Arruda, onde o Grêmio enfrentaria o Santa Cruz. O jogo lá começou 19h30min, horas antes de a bola rolar na decisão do Beira-Rio. Quase 4 mil quilômetros distante do amor pelo Inter.
Enquanto os amigos vibravam com o gol de Fernandão, no primeiro tempo, eu estava com o microfone em punho, repercutindo a vitória do Grêmio por 4 a 2. No fone, meu contato era com a central de gravações e a narração do gol eu consegui ouvir ao fundo, em meio aos gritos dos produtores e operadores colorados.
Trabalho encerrado, corri para pegar um táxi. Daria tempo de ver o segundo tempo, no quarto do hotel. A TV, ligada na Globo, não tinha mais do que 20 polegadas. Mas parecia um telão de cinema. Duas latas de cerveja de qualidade duvidosa me aguardavam no frigobar do quarto. Mas não abri nenhuma delas, nem mesmo após Tinga fazer o segundo. Trancado, sozinho no quarto, sabia que Clemer era só um mensageiro que, com uma defesa espetacular no cabeceio de Alex Dias, precisava escrever a última linha da conquista da América.
As duas latas de cerveja foram abertas. Uma eu tomei. A outra virei na minha cabeça. Meus chefes queriam que eu fosse no hotel do Grêmio repercutir o título do Inter. “Convenci” eles de que não seria legal. Cantei, vibrei, quebrei algo… Tudo sozinho, em um quarto de hotel.
Se me arrependo? Não. O jornalismo me deu tudo que tenho até hoje. Lógico que eu gostaria de estar no meio do povo colorado. Mas eu tinha a convicção de que isso poderia acontecer em dezembro do mesmo ano.
E você? Lembra onde estava na noite inesquecível de 16/8/2006? Bora relembrar essa noite que não terminou.