Durante a entrevista coletiva após o empate com o Belgrano, na Argentina, Coudet se apoiou em números para defender seu trabalho. "Acho que são 20 jogos e apenas uma derrota. Tá ruim isso?". Questionou o treinador colorado. Na verdade, são 17 partidas e uma derrota, mas a minha resposta, já que ele pergunta, é sim! Está ruim!
Coudet se apoia em uma estatística que virou pó. O único trabalho concluído em 2024 é o realizado no Gauchão. E esses números, tirando duas partidas contra times inexpressivos na Copa do Brasil e a estreia na “Sula”, não significam mais nada. Não há como dizer que o trabalho realizado na única competição que já findou é bom se não chegamos sequer na final. Enfrentamos dois times de Série A no ano. Vencemos o Grêmio, no último minuto, e empatamos duas vezes com o Juventude. Achar que isso é bom é mostrar desconhecimento sobre a grandeza do Inter.
Antes do jogo contra o Belgrano, Magrão falou em não fazer terra arrasada. Concordo que há um trabalho em andamento, mas que precisa de correções importantes para evoluir e de mudanças, se necessário. Mudanças óbvias vão ocorrer quando Valencia estiver recuperado e Borré com ritmo de jogo. Coudet precisa enxergar além dos números.
Abrir mão das convicções, quando o resultado insiste em ser negativo, também é uma virtude de quem comanda. O esquema com Wanderson e Mauricio de pontas naufragou com a eliminação para o Juventude. Alan Patrick precisa voltar a jogar de articulador, com dois atacantes à sua frente.
Vem aí o Campeonato Brasileiro e a expectativa de brigar pelo título foi criada justamente por um grupo de jogadores qualificado e um técnico que já provou ter capacidade de organizar um bom time. Mas essa expectativa precisa se confirmar com um novo trabalho a ser desenvolvido por Coudet. As soluções para fazer a equipe render precisam ser apresentadas por ele rapidamente. Arrancar bem no Brasileirão é fundamental. Apoiar-se em números e estatísticas que viraram pó não vai resolver.