Se os ingleses e o mundo tivessem ouvido os alertas de Winston Churchill no começo da década de 1930, o nazismo teria sido destruído antes de empurrar o mundo para um conflito que matou mais de 60 milhões de pessoas.
Nesse caso, por mais paradoxal que seja, possivelmente Churchill seria considerado hoje um vilão. Terminar com Hitler antes que ele quase terminasse com o mundo teria custado muito sofrimento aos alemães e aos ingleses. E jamais saberíamos o que teria acontecido depois.
Troque “Alemanha nazista” por “Irã dos aiatolás”: 2023 repete 1930. O regime de Teerã é hoje a maior ameaça ao modelo de sociedade no qual vivemos. O fundamentalismo islâmico, que nada tem a ver com a maioria dos muçulmanos, pretende converter todos os infiéis (nós) e implementar uma teocracia supranacional. Tradução literal: repressão às mulheres, aos cristãos, aos judeus, aos budistas, à liberdade, à democracia e à pluralidade – de ideias, de gêneros e de culturas.
O problema é que derrubar o regime iraniano, apesar de seu crescente desgaste interno, é uma tarefa cara do ponto de vista humano, econômico e político.
Não estou defendendo a guerra. Ao contrário. Sucede que, no cenário atual, com o Irã cada vez mais perto da bomba atômica, não se vislumbra um futuro próximo no qual possamos todos, de mãos dadas, celebrar a paz ao pôr do sol, ouvindo Bob Marley e curtindo as good vibes.
Não estamos lidando com um regime que tenha alguma ambição territorial ou econômica. Esses fanáticos religiosos funcionam com um software corrompido que não tem conserto.
Nos últimos dias, o nível de interesse pela guerra entre Hamas e Israel caiu. Já não há tanto engajamento nas redes sociais. O mundo pouco fala sobre os cem reféns que permanecem em cativeiro na Faixa de Gaza, que é bombardeada constantemente, assim como cidades israelenses são alvo dos foguetes lançados pelo Hamas e pelo Hezbollah. O Irã permanece intacto, enquanto seus marionetes fustigam a única democracia do Oriente Médio.
Hamas, Hezbollah e outros grupos terroristas são as folhas de uma erva daninha cujas raízes crescem sem parar. Camufladas, mas extremamente agressivas e perigosas. Tomara que a ditadura iraniana seja derrubada pelo seu próprio povo. Seria o jeito menos traumático de evitar o que Churchill, quase um século atrás, tentou impedir e não conseguiu. O preço foi bem mais caro depois.