A jornalista Juliana Bublitz colabora com o colunista Tulio Milman, titular deste espaço
Até os grupos de danças típicas e os tradicionais símbolos da festa, Fritz e Frida, aderiram à máscara e deram o exemplo. Neste ano, a Oktoberfest de Santa Cruz do Sul está diferente: menor, mais cuidadosa e tomada pela alegria do reencontro. Aproveitei o final de semana e fui conferir de perto. O evento segue nesta segunda (11) e na terça-feira (12) e depois retorna de sexta a domingo, quando se encerra.
As mudanças começam já na aquisição dos ingressos: para desestimular aglomerações, a organização decidiu priorizar a venda pela internet. Comprei três entradas, para mim e para meus pais — lá em casa, a Oktober é, desde sempre, um pretexto para reunir a família. Gostamos de passear no parque, tomar chope juntos, dividir quitutes e ver as exposições e apresentações folclóricas. Frequento o festejo desde o seu surgimento, em 1984, quando tinha cinco anos.
Nesta primeira edição presencial após o auge da pandemia, o ingresso vem com QR Code (código digital de acesso) e termo de compromisso, incluindo 12 itens. Entre eles, está a exigência de vacinação contra a covid-19 (é preciso apresentar o certificado na porta), o uso obrigatório de equipamento de proteção individual e a proibição expressa à "degustação de produtos em pé ou caminhando", para garantir que as pessoas permaneçam nos locais indicados, com distanciamento social.
Também não há pistas de dança abertas aos visitantes, que dão um jeito de curtir as bandinhas se sacudindo na cadeira. Há restrições de público e de horários e todos os trabalhadores e colaboradores são testados antes de acessar o local. Todos esses cuidados não tiraram o brilho da festa. Pelo contrário.
O que senti, ao pisar outra vez no parque, foi um retorno às origens comunitárias da celebração. As limitações acabaram por levar a uma espécie de revival dos velhos tempos, com a maioria dos frequentadores formada por moradores locais. E o pessoal andava com saudades de celebrar.
Depois de um período tão difícil para todos, o desejo do reencontro, cercado de zelo e respeito, deu um novo sentido à confraternização. Aquele velho sentimento de pertencimento à comunidade, que forjou as origens de Santa Cruz, terra colonizada por imigrantes alemães, estava lá outra vez. E foi bom testemunhar isso.