Nem sempre o bom senso basta. A proposta de emenda à Constituição que disciplina a participação de militares da ativa em governos, sejam eles de esquerda, direita ou centro, é uma das mais importantes iniciativas a tramitar no Congresso nos últimos anos. Não seria necessária uma lei para impedir que questões de Estado se misturassem com a política corriqueira, mas o Brasil de hoje é uma máquina de produzir descompassos.
Engana-se quem pensa que essa iniciativa tem qualquer característica de antagonismo às Forças Armadas. Nitidamente, o que acontece é o contrário disso. Impedir que governos contaminem o Exército é um imperativo de preservação da disciplina e do compromisso com os valores democráticos mais perenes de um país. Militares da ativa jamais deveriam aceitar convites para cargos políticos. O vexame do general Pazuello, ex-ministro da Saúde agora envolto em contratempos civis, é apenas mais uma prova disso. Se o bom senso não basta, que a lei cumpra o seu papel.