Eram onze e meia da noite e o centro olímpico de imprensa de Barcelona já estava quase vazio. Eu entrava pela porta principal para ir ao estúdio na NBC, rede de tevê americana, encontrar uma amiga que trabalhava lá. Ao passar pelos detectores de metal, notei uma agitação diferente. Virei para trás. Descendo de um carro e cercado por produtores estava o homem que, poucas horas antes, ganhara a prova dos 100 metros rasos. O britânico Linford Christie era o homem mais rápido do mundo. Mas estava atrasado, porque corria ao lado da sua escolta. Ouvi comentarem rapidamente com os porteiros. “Temos que chegar agora ao estúdio da BBC”.
Quando Christie passou pelo mesmo detector de metais que eu havia cruzado segundos antes, o alarme disparou. E bota alarme nisso. Dois seguranças pularam na frente dele.
A cena permaneceu congelada por uma fração de segundo. Foi aí que o velocista abriu um sorriso, colocou a mão por baixo na camisa e puxou a medalha olímpica de ouro.
Mal deu tempo para rir. “Go, go, go”, ordenava um dos produtores. O show não pode parar.