China e Estados Unidos podem se transformar, mesmo sem querer, nos maiores aliados da reeleição de Jair Bolsonaro. Se as duas maiores economias do planeta começarem a viver a esperada euforia pós-covid até a metade do ano que vem, o Brasil será beneficiado pelo aumento do comércio internacional, maior demanda no setor agro e nos produtos nacionais.
Desenha-se, assim, um cenário estapafúrdio. Adversários políticos de Brasília, Washington e Beijing, podem, com o sucesso das políticas de vacinação negadas pelo presidente brasileiro, alavancar a economia global e criar uma onda na qual Bolsonaro surfará. E essa maré pode ficar ainda mais favorável se o refluxo da crise chegar logo a países europeus como França e Alemanha, com os quais o Brasil de Bolsonaro também têm hoje arestas desconfortáveis.
Some-se a isso a previsão de que, graças ao estímulo à produção de vacinas na China, Estados Unidos e Europa, haverá excedente de doses daqui a alguns meses. Essa eventual super oferta, gerada por quem apostou na cura, auxiliará quem debochou dela, mesmo com uma conta estimada em mais de meio milhão de mortos.
Seria imprudente afirmar, com certeza, que o quadro acima irá se concretizar. Mas seria ingenuidade imaginá-lo como impossível.