A notícia de que o desembargador Alexandre Mussoi permaneceu filiado ao MDB durante 20 anos enquanto julgava, publicada pelo UOL, levou o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul a abrir um expediente administrativo para esclarecer todas as circunstâncias do fato. De acordo com o UOL, Mussoi se filiou ao MDB em 1981, muito antes de virar magistrado. Por enquanto, não há qualquer registro de que a desfiliação tenha sido requerida até a semana retrasada, quando o caso começou a ser comentado.
A Lei Orgânica da Magistratura Nacional, a Loman, diz que o exercício do cargo de juiz é incompatível com filiação partidária.
Entre os pontos que ainda precisam ser esclarecidos, o principal é o que diz respeito à eventual data da filiação. Em 1981, Mussoi tinha 17 anos e nem sequer podia votar ou concorrer. Outra questão é a presença ou não da assinatura de Mussoi nos documentos. No tribunal, a repercussão foi intensa. Há consenso entre os colegas de que se trata, na pior das hipóteses, de um típico caso de descuido, sem qualquer má fé. Mussoi julgou, entre outras, ações envolvendo o impeachment do prefeito Nelson Marchezan. Ouvido pelo UOL, o ex-ministro do STJ e ex-conselheiro do CNJ Gilson Dipp afirmou que o fato de ser filiado a uma sigla tornaria um juiz "suspeito a dar qualquer decisão que fosse ligada a qualquer vínculo partidário".
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