A reação foi rápida. Assim que a notícia sobre o assassinato de João Alberto Freitas no Carrefour começou a ganhar dimensão, o governador Eduardo Leite se pronunciou de forma enérgica e apropriada. Ele não estava sozinho. De um lado, o comandante da Brigada Militar, coronel Rodrigo Mohr. Do outro, a chefe de Polícia, delegada Nadine Anflor.
A escolha da parceria pode ser interpretada como um aviso, uma demonstração de força, tanto para os racistas, quanto para os eventuais e condenáveis exageros nas reações, motivo de medo alimentado pelas imagens de quebra-quebra e fogo que vieram dos Estados Unidos quando George Floyd foi assassinado por policiais brancos. Durante os 5 minutos do vídeo, Leite deu uma boa notícia: a inauguração de uma delegacia para investigar crimes de intolerância.
Não se trata aqui de uma crítica ao governador, mas de uma reflexão sobre a forma como encaramos o debate sobre racismo, um tema complexo porque envolve indivíduo, família, Justiça e outras tantas instituições.
É fundamental reprimir e punir. Mas, assim como é uma questão de polícia, o racismo é, antes, uma questão de educação, ou da falta dela. Por isso, da próxima vez em que aparecer falando sobre o tema, Eduardo Leite bem que poderia ter ao seu lado, além das forças policiais, o secretário de Educação. Aí sim, a mensagem estaria completa. Anunciar uma delegacia e, ao mesmo tempo, novas e mais políticas de abordagem do assunto em sala de aula. É o que pode – e deve – fazer o Estado. Não apenas quando a violência explode, mas antes que isso aconteça.