Todo dia é Dia do Professor. Por isso, essa história chega depois da data oficial, mas no tempo certo. Munido de máscara, álcool gel e uma pilha de materiais didáticos, Darci Riconi, 65 anos de idade e 45 de magistério, entrou no carro e deu a partida em direção às casas dos seus 17 alunos. Assim como faz a cada quinze dias, percorreu, na última quinta-feira, cerca de 100 quilômetros pelo centro de Mariano Moro e pelas estradas de chão batido do interior do município, onde mora boa parte dos estudantes.
Tem sido assim desde março, quando a pandemia chegou e o professor Darci decidiu ir além das aulas online para sua turma de segundo ano do Ensino Fundamental.
– Sou um cara antigo e me senti inseguro nas aulas pela internet, principalmente porque parecia que chamavam pouco a atenção das crianças pequenas. Além do mais, muitos alunos não têm boa internet, ou nenhuma, e temi que seriam mal atendidos – afirma Darci.
As visitas foram combinadas com direção da Escola Estadual Básica de Mariano Moro e com os pais. Já duram sete meses. Ao chegar nos lares, não entra. É no quintal ou na soleira da porta que as aulas acontecem, as dúvidas são tiradas e as combinações para o próximo encontro alinhavadas.
– O meu filho sente muitas saudades de ver os colegas, mas encontrar o professor está suprindo um pouco esse vazio. Sei que a turma toda é apegada e sente muita falta do Darci – afirma Edivane Graciela Rossarola, mãe do Ícaro, de sete anos (foto) que aguarda com expectativa cada nova visita.
Além dos trabalhos para corrigir, Darci voltou para casa com uma série de cartões e presentes. São as homenagens possíveis em um ano em que os abraços pelo Dia do Professor precisaram esperar. Apesar da quilometragem, levou de carona a certeza de que está fazendo o melhor:
– O ensino presencial é insubstituível, ainda mais para eles que estão recém finalizando a alfabetização. Noto como ficam felizes nos nossos encontros – conclui o mestre.
*Produção: Letícia Paludo