Em uma empresa privada, o passado de um candidato a colaborador importa. E muito. O setor de recursos humanos pesquisa currículos em busca de consistências técnicas e éticas. Mas não no Banco Mundial, o maior do planeta quando o assunto é fomento econômico.
O próprio presidente do comitê de ética da instituição, Guenther Schoenleitner, declarou que as avaliações do órgão que comanda são "prospectivas", ou seja, só valem a partir do momento em que um novo diretor ou funcionário for contratado. Se fosse um banco privado, suas ações despencariam na bolsa e cabeças rolariam. Mas o Banco Mundial é uma daquelas estatais pesadas e cheias de influências políticas. A diferença é que pertence a vários países, e não a um só.
Pelo que disse Schoenleitner, genocidas, ditadores, torturadores e bandidos em geral são bem vindos, desde que tenham bons padrinhos e se acalmem depois da nomeação. Essa norma é tão absurda que atrapalha Abraham Weintraub, alvo de questionamento de servidores do banco, que não querem o ex-ministro brasileiro como colega. Mais lógico – e ético – seria dizer que não há condenação contra ele e que, por isso, o candidato a diretor ainda é, tecnicamente, inocente. O cargo a ser ocupado pelo apadrinhado de Jair Bolsonaro exige, de acordo com especialistas, habilidades técnicas e diplomáticas. O primeiro desafio de Weintraub nesse segundo quesito, a julgar pelas primeiras reações internas à sua indicação, será encontrar companhia para o cafezinho.