O desembarque do presidente da República em Porto Alegre tem um motivo visível e outro, mais importante, invisível. Prestigiar a troca de comando no Comando Militar do Sul seria normal, mesmo em tempos de pandemia, ainda mais para Bolsonaro, que foi capitão do Exército. De certa forma, está em casa.
O segundo e principal motivo da visita do presidente são as imagens que já estão sendo mostradas em todo o Brasil. No momento que aumenta a sua já longa coleção de inimigos, Bolsonaro precisa provar que tem o apoio das Forças Armadas, um dos fatores de sustentação e equilíbrio de qualquer governo. Por isso o presidente pegou um avião e veio, ao lado do vice, Hamilton Mourão, que já comandou o CMS.
Investigações, processos, atritos com o Congresso, demissão de ministros populares, decisões contrárias no STF. Bolsonaro enfrenta a fase mais difícil do seu governo. Quando Fernando Henrique Cardoso pede sua renúncia e a palavra impeachment volta aos holofotes, o presidente precisa mostrar que tem apoio. Até que ponto esse apoio é apenas obediência à hierarquia e disciplina, os próximos meses dirão.