Afirmei meses atrás que Jair Bolsonaro, com os dados daquele momento, seria imbatível na próxima eleição presidencial. O cenário está mudando, principalmente por causa do coronavírus. A ameaça de desaceleração abrupta da economia se desenha como uma sombra no horizonte da reeleição.
Com e epidemia, as perspectivas de melhora nos índices de emprego e de renda se transformam em um ponto de interrogação. Sabe-se, não é de hoje, que as pessoas votam mais com o bolso do que com o cérebro.
Ainda é cedo para previsões definitivas, mas os elementos estão aí. Em pesquisas recentes, o ministro Sergio Moro aparece com mais popularidade do que o próprio presidente Bolsonaro. Apesar do ceticismo inicial, inclusive meu, Moro não só mantém intacto o seu prestígio, como o vem aumentando depois que largou a toga e se mudou para Brasília. O sucesso da Operação Império da Lei, que transferiu 18 líderes de facções criminosas do RS para prisões federais fora do Estado, tem muito da cooperação do ministro, para dar apenas um exemplo recente. Mesmo que faça parte do governo, o combate à corrupção garante luz própria ao ex-juiz da Lava-Jato.
Existe um segundo nome no governo Bolsonaro que teria chances eleitorais, caso não estivesse, de certa forma, limitado pelo cargo que ocupa. O vice-presidente Hamilton Mourão reúne autoridade e habilidade política, mas, ao não ter função executiva permanente, fica menos exposto aos holofotes.
Sergio Moro, com um candidato a vice mulher, paulista ou nordestina, se transformaria no bicho-papão da próxima eleição presidencial. Se não for torrado antes por Bolsonaro ou, o mais provável, promovido a ministro do STF.