Não há motivo para privatizar o Banrisul. É um banco saudável, querido pelos gaúchos e que tem o seu centro de decisões em Porto Alegre. Isso faz diferença, na hora do crédito e do apoio a iniciativas que nada dizem aos executivos da Avenida Paulista. Mas aí aprovam um aumento de salários do presidente, que saltou de R$ 51 mil para R$ 89 mil. Os cinco diretores, que recebiam R$ 40 mil por mês, passarão a embolsar R$ 72 mil.
O que apavora não são os valores, mas a argumentação do governo: o Banrisul precisa oferecer salários equivalentes aos da iniciativa privada. Que baita tiro no pé. Se é para ser igual à iniciativa privada, privatizem. Porque esse mesmo argumento pode ser usado para fechar agências, aumentar taxas e fazer publicidade com sotaque paulista.
O que difere o Banrisul dos gigantes paulistas é justamente o fato de ele atuar em outra lógica e mesmo assim ser lucrativo e eficiente. Entendo que os executivos de um banco devam ganhar bem, mas não quero o Banrisul parecido com os grandes bancos privados. No caso do reajuste do presidente e dos diretores, ouso opinar que fizeram a coisa certa, pelo motivo errado.