A polêmica não é nova, mas havia perdido força. No Brasil e no mundo, um combativo grupo de pessoas defende e pratica uma espécie de boicote às vacinas. Os argumentos vão da certeza de que elas não funcionam à liberdade individual de decidir sobre o próprio corpo. Quando recomeça a campanha de vacinação contra a Gripe, surgem mais uma vez as vozes dessa militância.
Vista por qualquer ângulo, a argumentação não resiste. Primeiro porque as vacinas funcionam. Sem isso, já estaríamos todos os mortos - ou nem teríamos nascido - por causa do sarampo, da tuberculose ou da febre amarela. Segundo, porque a liberdade individual, nesse caso, inexiste. Uma pessoa doente pode contaminar outras, direta ou indiretamente. Pior é quando um adulto decide por uma criança, que fica desprotegida sem poder reagir.
Em 2017 morei na Filadélfia, que fica entre Nova York e Washington, região mais desenvolvida dos EUA ao lado da Califórnia. Minhas filhas estudaram em escolas públicas, onde não há, por exemplo, exigência de uniforme, por respeito à individualidade de cada um. Mas recebi da Secretaria da Educação do distrito onde aluguei casa uma lista de vacinas obrigatórias – algumas inexistentes no Brasil. E uma extra, não obrigatória aos americanos: tuberculose. A conta foi salgada mas, sem elas, minhas filhas não passariam da porta do colégio.
Teremos, com o tempo, mais e mais vacinas. Quem sabe inventem a que resolveria boa parte dos problemas da humanidade: a vacina contra a ignorância dos convictos.