Jair Bolsonaro acordou nessa segunda-feira (27) ainda mais convicto de que está no caminho certo. As manifestações de rua espalhadas pelo Brasil no domingo (26) provaram que o núcleo duro de apoio ao presidente se mantém coeso e combativo. Com isso, Bolsonaro deve intensificar suas incursões pelos temas que garantiram a vitória no ano passado: armas, corrupção e pauta de costumes.
Especialmente em São Paulo, foi expressivo o número de manifestantes nas ruas. Nada é espontâneo. A estrutura do evento foi cuidadosamente montada para garantir o visual de multidão. Caminhões de som estacionados ao longo da avenida Paulista se encarregaram de organizar uniformemente os apoiadores do governo.
Ao ver as imagens do povo nas ruas, Bolsonaro se sente legitimado. Mesmo que percentualmente o número de pessoas nas manifestações signifique pouco em relação ao total de brasileiros, gostemos ou não, o governo conseguiu o que queria. Se engana quem pensa que o resultado positivo do ponto de vista do Planalto amenizará os traços paranoicos do grupo mais próximo ao presidente. Ao contrário. A legião de apoiadores nas praças, parques e avenidas definiu ainda mais claramente a linha que separa “nós” e “eles”.
Não é novidade a admiração de Bolsonaro por Donald Trump. Ambos seguem estratégias parecidas, com graus diferentes de sofisticação. Existe um cálculo que estabelece uma espécie de número mágico. Se um candidato tiver 25% de apoiadores fieis, terá grandes chances de vencer a eleição. O resto vem naturalmente, pelas beiradas. Essa é a aposta de ambos. Ano que vem, a eleição americana será um indicativo do acerto – ou não – do caminho escolhido por Trump e copiado por Bolsonaro.