Os caminhoneiros paralisados em todo o país, mobilizados contra o governo e contra o Congresso, sabem o que querem: intervenção militar.
O governo, acuado, moribundo e sem rumo, sabe qual é a única receita para se manter minimamente vivo: intervenção militar.
Ao que tudo indica, as Forças Armadas sabem: não faz sentido intervir agora, ainda mais com a perspectiva de chegar ao poder daqui a cinco meses, pelo voto. Jair Bolsonaro venceu a maior parte das resistências no comando. Conta hoje com oficiais de peso na sua linha de frente.
Importante ressaltar: Exército, Marinha e Aeronáutica têm permanecido estritamente fiéis ao seu papel constitucional. Nesse quadro, o mais provável é que os militares atuem para garantir a ordem se preciso for, mas sem um protagonismo exagerado. Seria o que chamamos, no futebol, de "cumprir tabela".
A ameaça à "coesão nacional" é o fator que levaria a um patamar indesejado de atuação. Só o descontrole total, a violência e o caos empurrariam os tanques para a rua. O problema é que esse, também, é um cenário possível.
A pressão do descontentamento popular encontrou nos caminhoneiros uma válvula de escape. O fôlego do movimento será testado pela falta de gasolina, de comida e de remédios. Entramos numa semana decisiva.
Meio século depois de derrubarem um presidente para chegar ao poder, as Forças Armadas são trazidas, novamente, para o centro da história do Brasil. Não chega a ser surpresa. O quadro vem se desenhando há pelo menos dois anos.
A boa notícia – se é que há alguma – é que os militares aprenderam com 1964. Outubro é logo ali. Daqui a pouco, tem Copa do Mundo. A Pátria estará, mais uma vez, na ponta da chuteira.
A pontaria definirá o rumo do Brasil.