O problema é o precedente. Compreensível defender medidas de força no Rio. Só uma ação organizada e profunda estanca o caos. É preciso, porém, pensar além do fato. Mandado de busca coletivo é uma espécie de puxadinho legal, pouco sólido, mas de fácil construção prática.
Um exercício simples de futuro define a preocupação. Caso essa ferramenta se legitime, abre-se uma rachadura na base do direito à inviolabilidade do domicílio. A polícia, ou seja lá quem for, poderá entrar na sua casa, por exemplo, em busca de um vizinho que você mal conhece. Ele pode ter fugido e se escondido no seu pátio ou banheiro.
Ou podem achar que você o protege.
Ou pode nem haver tal vizinho, num quadro mais alarmista.
Fácil defender quando é na favela, onde 95% das pessoas são honestas e trabalhadoras, mas pobres. Nada importam os discursos rasos de esquerda e direita. A lei tem que valer para todos. Senão, deixa de ser lei e passa a ser arbitrariedade. E disso estamos cansados. Só menos do que da violência. E é aí que mora o perigo.