Aos 77 anos, Maria Thereza Goulart, viúva do ex-presidente João Goulart, ainda espera pela indenização a que tem direito pelo exílio e pela cassação do marido – cerca de R$ 700 mil, em valores de 2007.
O julgamento foi há 10 anos, mas a discordância sobre a forma de pagamento – de uma vez só ou parcelado – acabou atrasando o desfecho da novela, ainda mais em um país onde a burocracia já é naturalmente lenta.
Agora, teoricamente, só falta o governo transferir o valor.
Na semana passada, Christopher Goulart, neto de Jango e Maria Thereza, começou a ligar para o Ministério do Planejamento, onde está o processo. Depois de dois dias, conseguiu ser atendido. Precisava falar com uma servidora de nome Elza, mas foi a Sandra que veio ao telefone. A informação: "A Elza está de atestado e só ela tem as informações". Num ataque de sinceridade, Sandra revelou a Christopher que o ministério está desmobilizado, que está de mudança e que, sem a Elza, ninguém teria acesso ao sistema. Nome do sistema: SEI. Sugestão de sobrenome: QUE NADA SEI.
Entre a estupefação e a indignação, Christopher ainda ouviu, tanto da telefonista como da Sandra, o mesmo desejo: "Boa sorte". Christopher abre mão em nome da Elza. Que se recupere e volte logo.
Enquanto isso, a História que espere.