A novidade mais importante dos últimos dias veio daqui, dos Estados Unidos. A Tesla Motors, uma empresa de automóveis que não quer parecer uma empresa de automóveis, lançou seu primeiro modelo elétrico "popular", o Model 3. Há quinhentas mil pessoas na fila para comprar. O preço: US$ 35 mil, o equivalente a R$ 115 mil.
Se as previsões se confirmarem, o Modelo 3 será para a indústria automobilística o que a lâmpada elétrica foi para os lampiões a gás.
Vibrei com a notícia. Primeiro, por seu impacto ecológico. Menos fumaça e barulho nas cidades. Mas vibrei, principalmente, pelos reflexos políticos que a massificação dos carros elétricos terá no planeta.
Da Venezuela ao Irã, boa parte dos regimes totalitários do mundo é sustentada pelo petróleo. Com a queda do consumo, ditaduras verão as torneiras do dinheiro fácil secar. Mesmo que no curto prazo isso possa representar instabilidade, no longo ajudará a varrer do mapa uma penca de fanáticos cheios de dólares e de poder.
É só ter cuidado para que os sucessores não sejam piores. O cuidado que faltou a Obama no Iraque. Saiu correndo e criou o vácuo onde cresceu o Estado Islâmico.
Apesar do otimismo com o lançamento da Tesla, o NY Times levantou algumas desconfianças sobre a capacidade de entrega da fábrica. No passado recente, houve problemas com fornecedores. Como esse mercado é novo, a cadeia de suprimentos ainda é restrita.
Elon Musk, o sul-africano-canadense-americano dono da Tesla, é puro otimismo. Numa manobra calculada, entregou as primeiras 30 unidades a colaboradores da empresa. Uma forma de reconhecimento e uma fonte barata de feedback. Se o carro estragar na primeira esquina, o risco de reclamações indignadas e de processos judiciais é quase nulo.
Musk é um desses visionários que surgem em ambientes amigáveis à inovação e ao empreendedorismo. Ele já lançou um trem futurista que viaja a 300km por hora, fundou o PayPal e é dono de uma fortuna de US$ 15,2 bilhões.
Para o bem do planeta e da conta-corrente de Musk, você ainda vai ter um carro elétrico. Todas as montadoras do mundo já estão investindo – ou vão investir – na tecnologia. Quando? Sempre tem aquele posto de gasolina ali pertinho pra perguntar.