Com 22 anos, Gustavo Haddad Braga ficou nacionalmente famoso ao entrar com pedido de impeachment do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Formado em Engenharia pelo MIT, uma das mais renomadas universidades do mundo, tem livro publicado e agora trabalha em uma outra proposta: um projeto de lei para que políticos denunciados sejam julgados por júri popular.
Por que os políticos deveriam ser julgados por um júri popular e não por juízes de carreira? Acredito que um julgamento por júri traz uma legitimidade muito maior às decisões, porque o cidadão passa a se sentir efetivo participante, e não mero espectador, da administração da Justiça. Isso só tem vantagens. No caso de absolvição, daria à população a certeza de que o político foi absolvido porque era realmente inocente, e não por ainda mais negociatas espúrias. Já no caso de condenação, evitaria críticas desnecessárias de que este ou aquele juiz estaria, por conta dos reflexos políticos da decisão, agindo politicamente.
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Com os ânimos da população tão exaltados após tantos escândalos , um julgamento feito por júri popular não poderia ganhar tons de inquisição?
É sempre bom lembrar que o júri é aplicado em diversos países, como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Austrália, por exemplo. E com amplitude até maior do que a que estou propondo, e vem funcionando bem há séculos, mesmo durante períodos de crise. Vestir o “manto” de jurado, seguindo um procedimento formal, com espaço para manifestação da defesa, faz com que as pessoas fiquem naturalmente muito mais serenas e criteriosas. Numa democracia, a população já exerce o dever mais gravoso de todos, que é o de escolher seus representantes. Faz todo o sentido que possa também tirá-los de lá se cometerem crimes.