A Greve foi um clamor por Lula!
(ou como a ideologia cegou o Tulio Milman)
Tulio Milman escreveu neste espaço, no final de semana passado, um manifesto à cegueira. Qualquer um, com um mínimo de conhecimento sobre o Brasil, sabe que, ao contrário de repor a "verdade", Tulio está a contribuir com uma narrativa, que embora não se sustente nos fatos, é necessária para o cerco que se impõe a Lula, a maior liderança popular que o Brasil já teve. O maior trunfo de Lula são os indicadores de seu governo.
Lula assumiu um país em crise, endividado, sem prestígio internacional, com investimentos pífios em todas as áreas e transformou o Brasil. Só a cegueira ideológica de economistas e jornalistas ultra-liberais desconhece isso, uma realidade objetiva reconhecida internacionalmente, palpável, visível em qualquer gráfico sobre a economia e a vida social brasileira nos últimos anos.
Em 2003, existiam 61,8 milhões de pobres no Brasil. Dos quais, 25,9 milhões eram miseráveis. Em 2014, este número baixou para 26,2 milhões e 8,2 milhões respectivamente. Uma inclusão impressionante de pessoas no mercado, algo internacionalmente comemorado, o que levou Lula a ganhar prêmios e reconhecimento interno e externo. Isso foi resultado de políticas públicas implementadas pelos governos de Lula e Dilma. Entre elas, o Bolsa Família, a valorização real do salário mínimo, a inclusão no mercado de trabalho de setores até então desprotegidos, como era o caso do trabalhador doméstico.
Os investimentos em educação, entre 2004 e 2014, subiram 285%. E não foi apenas a ampliação de nossa estrutura universitária. O Pronatec, todos sabem, qualificou milhões de jovens trabalhadores repercutindo forte e diretamente na produtividade de nossa indústria, que ampliou a produção, gerando milhões de postos de trabalho. Não por outro motivo, alcançamos, em 2014, o menor índice de desemprego da série histórica.
Neste período, o BNDES desembolsou algo em torno de R$ 400 bilhões para financiar a expansão econômica. Na agropecuária, para usarmos apenas um exemplo, isso teve impactos fortíssimos. Nossa produção de grãos saltou de 123 milhões de toneladas, em 2002, para 208 milhões em 2014. Na produção de carne, o incremento foi de 17 milhões de toneladas, em 2002, para 26 milhões em 2014. Não precisa ser economista para entender o que isso significa. Aliás, esse dado por si responde a ideia de má fé que o crescimento da era Lula foi apenas um surfe na onda das commodities valorizadas.
O que ocorreu foi que o Brasil ampliou significativamente sua produção de grãos e carne, fruto de investimentos em produtividade e incentivos ao setor. Onde está a gastança, a insustentabilidade, a irresponsabilidade, o passivo social? A guinada negativa da situação econômica e social brasileira iniciou a partir da ruptura com esse modelo desenvolvimentista, com a ascensão de Joaquim Levy ao poder, no início do segundo governo de Dilma. Ali, iniciou o golpe, que, infelizmente, foi identificado tardiamente por nossa ex-presidente.
A política de instabilidade permanente levada a cabo por Cunha e Temer deram fim a um projeto, que ao contrário do que Tulio diz, alçou o Brasil a uma potência respeitada, que ao final da primeira era Lula, fez com que nossas reservas tivessem crescido 10 vezes, passando de U$ 38 bilhões para mais de
U$ 375 bilhões. Como se vê, o delírio não é da população que ainda confere a Lula uma expressiva preferência eleitoral, mas do articulista, que, inacreditavelmente, enfurece-se com a possibilidade real de uma retomada desenvolvimentista e a volta de Lula à presidência e ameaça com o "risco de enfrentamentos desnecessários".
A volta de Lula será resultado de enfrentamentos sim, caro Tulio, não os desnecessários, que soam como uma metáfora bolsonarista, mas os necessários, contra a narrativa ideologizada da grande mídia, que não suporta a possibilidade da volta do povo ao poder.
Luiz Fernando Mainardi - Deputado estadual do PT