Presidente enfraquecido. Governo enfraquecido. Estados enfraquecidos. Congresso enfraquecido. Oposição enfraquecida.
Os ingredientes da insolvência política estão todos aí. O Brasil caminha na direção de mais uma tempestade perfeita. Pouco se está fazendo para evitar o pior. Não faltaram oportunidades.
O governo Temer está perto de um abismo. O suposto tráfico de influência na liberação de uma obra na Bahia é só mais um passo da caminhada, que começou na formação de um ministério contaminado por políticos tradicionais e notadamente envolvidos em denúncias de corrupção.
Pode-se questionar a falta de opções diante da necessidade de garantir o apoio de um Congresso que é imagem e espelho da política suja, egoísta e cartelizada. De qualquer forma, faltou coragem a Temer para, pelo menos, tentar uma alternativa mais luminosa.
A se confirmarem as informações de bastidores e a lógica, o Congresso será faxinado pela Lava-Jato, assim que novas delações premiadas, especialmente as ligadas à Odebrecht, se tornarem públicas.
Nossos parlamentares se omitem diante do iminente terremoto. Continuam tratando a Câmara e o Senado como quintais privados, onde tentam aprovar, sorrateiramente, medidas imorais de auto-benefício.
Some-se a isto uma oposição que, apesar de enfraquecida, se move pelo ressentimento do impeachment.
Temer ainda tem tempo de mudar o rumo que ajudou a traçar. Demorou demais para demitir Geddel. Deve ser mais rápido para limpar seu governo, antes que a Lava-Jato e o clamor popular o façam.
O presidente precisa se manifestar, com contundência, contra a anistia ao caixa 2. Deve também pedir a publicação das gravações sobre o imóvel em Salvador. Só assim saberemos se a sua intervenção foi mesmo inofensiva ao Direito e à ética.
São medidas que já deveriam ter sido tomadas.Governe, presidente, antes que algum aventureiro o faça.