Depois de anos de confinamento no mundo preto e branco da palavra escrita, os caranguejos ganharam cor, vida e nome: Gregório, o azul. Juvenal, o vermelho. Unir os dois até é possível, mas o resultado será mais um Gre-Nal. Gre de Gregório, Nal de Juvenal. A inspiração veio de uma história antiga e cheia de simbolismos. Nós, gaúchos, muitas vezes nos comportamos como caranguejos em um balde. Em vez de nos unirmos para tentar sair, usamos nossas garras e puxamos os outros para baixo. Nos basta o fracasso alheio. Muitas vezes, essa é a nossa maior alegria.
Rir de si mesmo é uma terapia. Essa é a intenção dos "Diários do Balde". Sabemos que as reações serão variadas. Estamos prontos para as críticas, elogios e beliscadas de garras afiadas. Trabalhamos para isso.
Em fevereiro, postei no Face e no Twitter um pedido de ajuda: "Procuro um cartunista, não precisa ter muita experiência, para conversar sobre uma ideia". O primeiro a responder foi Márcio Machado Diemer, de Campo Bom. Além dele, outros nove desenhistas de grande talento me procuraram. Sofri tanto para decidir, que optei pelo primeiro. O critério não é dos mais brilhantes, mas me pareceu justo. E se mostrou acertado, pela qualidade do traço e a dedicação empolgada ao desafio.
Diemer gosta de desenhar desde os tempos do colégio. Tem 37 anos, é casado, pai de um filho de seis anos e gremista. Ainda não nos conhecemos pessoalmente, mas trabalhamos vários dias juntos até o nascimento da primeira tira. Ele mergulhou nos desenhos. Eu, nos textos. Continuaremos assim, sempre cuidando para não nos transformarmos em nossos personagens.
Seja qual for o resultado do clássico de domingo.