O título acima, fora de contexto, é perigoso. Pode ser interpretado como apologia ao nazismo. Por isso, tenho a obrigação moral de explicar e de contextualizar o meu ponto de vista.
Mein Kampf foi escrito entre 1925 e 1926. Nos seus dois volumes, traz a essência da ideologia que levou à morte de dezenas de milhões de pessoas na Europa. Russos, alemães, judeus, ciganos, britânicos, brasileiros, francês, poloneses, homossexuais, comunistas. Muita gente sucumbiu à fome, às bombas e às câmaras de gás.
Até o começo desse ano, o livro escrito por Hitler era proibido na maior parte do mundo. Seus direitos passaram para o domínio público em 2016. Todos deveriam lê-lo. Desde que tenham uma base histórica antes de abrir a primeira página.
Ler Mein Kampf é fundamental para entender a gênese da loucura e do mal. Para compreender a História.
Mas é preciso ter cuidado com as armadilhas. A democracia e a liberdade de expressão, vira e mexe, se tornam reféns de quem luta contra elas. O livro é um veículo perfeito para a trapaça, porque é envolto em uma aura sagrada.
Foi assim que as editoras neonazistas surgiram. No vácuo na liberdade de expressão. Nessa hora, é preciso ter cuidado. Liberdade de expressão não é salvo conduto para a mentira, mesmo que ela esteja em forma de livro.
No caso de Mein Kampf, é preciso saber usá-lo como remédio e não na sua vocação original, que era a de veneno. Antes de lê-lo, é fundamental entender o que realmente aconteceu naquela época.
Depois de lê-lo, o melhor exercício seria olhar o mundo de hoje. E ver que os fanáticos, loucos e assassinos mudaram de nome, mas ainda estão por aí, mais vivos do que nunca.