É pouco para um Estado como o Rio Grande do Sul. O governador José Ivo Sartori anunciou hoje de manhã que os servidores receberão seus salários de dezembro em dia. Quando a grande notícia do fim de ano é essa, é porque estamos mal. É o famoso " como é bom usar sapatos apertados". Quanto mais apertados forem, maior será o alívio quando forem tirados. É ter uma arma apontada para a cabeça e sentir gratidão por quem não puxou o gatilho.
Em 2015, fui crítico ao governo Sartori. Isso não me impede de reconhecer que a situação atual do Estado não foi criada por ele. Ao contrário. O ex-prefeito de Caxias é vítima, até porque, quando decidiu concorrer, jamais imaginou que venceria. Talvez por isso não estivesse preparado para a missão.
O primeiro ano se passou. Sartori teve um grande mérito. Diagnosticar com precisão a situação do Estado. Desnudar a crise e dar a ela o nome certo. Mas ainda estamos esperando um caminho de solução. O Piratini abandonou o modelo do "Estado indutor", que era a linha do governo Tarso. Talvez porque o dinheiro tenha acabado e os resultados na indução não tenham aparecido na velocidade esperada, também pela crise que atinge o país. Mas Sartori ainda não deixou claro qual o seu jeito, qual a sua aposta, qual a sua receita para que o Rio Grande reencontre a esperança.
Já fomos o celeiro do Brasil, o palco de grandes decisões políticas e econômicas. Já tivemos a melhor qualidade de vida e a melhor educação do país. Tivemos nossos surtos de arrogância, até hoje refletidos numa mania absoleta de grandeza. Status atual: de pires da mão. Só pensamos em tapar buracos. Construir para cima, nem pensar.
Sei das dificuldades do governo. Ninguém atrasa contas e salários porque quer. Mas está faltando coragem de enfrentar o verdadeiro problema. Um Estado sucateado, ineficiente e desmotivado. Para que isso mude, não basta só cortar. É preciso agregar. Nem que seja apenas a promessa de um caminho, o aceno de uma direção. Enquanto isso, nossas grandes notícias serão pagar salários em dia.