O que era importante agora virou urgente. Ninguém duvidava do potencial do Rio Grande do Sul para o turismo, mas muitos projetos vieram literalmente à tona nesses últimos meses, impulsionados pela pandemia que nos obrigou a olhar mais para dentro. Confira.
Triângulo das águas
Há uma imensidão de água doce no Litoral Norte, ainda que as pessoas que busquem a região, especialmente no verão, só pensem em mar. Melhorar a percepção e o uso sustentável desse potencial das lagoas, além da orla marítima, é o que une a Associação Comercial e Industrial de Osório, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Tramandaí e Imbé, a Agência Litoral de Desenvolvimento, e as secretarias de turismo das três cidades. Ao longo de 2021, o grupo pretende formalizar o “Triângulo das Águas” como rota turística.
As lagoas em questão são as do Marcelino, Peixoto, Pinguela, Palmital, do Passo, o Rio Tramandaí, a Laguna de Tramandaí e Armazém, Lagoa das Custódias e outras do entorno dos municípios, além da encosta da Serra em Osório, com o Morro da Borrússia, a faixa de praia e o Horto Florestal do Litoral Norte, entre outros atrativos. Pelo menos 25 empresas já aderiram à ideia, incluindo associações e escolas de esportes náuticos (canoagem, kitesurf, surf, ciclismo, stand-up paddle etc.).
O objetivo, dizem os organizadores à frente da iniciativa, é ampliar a qualificação dos serviços e divulgar e organizar o turismo sustentável, o que inclui o turismo rural e a observação da fauna e da pesca cooperativa na Barra do Tramandaí entre botos e pescadores. Na primeira quinzena de fevereiro, por exemplo, deve ser lançado um guia de bolso para observação
de aves que habitam a região, em parceria com pesquisadores do Ceclimar/UFRGS, com o patrocínio da Websul. Eventos como ciclismo, triathlon, caminhadas, grupos de corridas, esportes náuticos limpos nas lagoas e no mar devem ser incentivados.
— Queremos transformar nossas cidades em referências de turismo de natureza durante o ano inteiro, gerando emprego e renda para a população — afirma Marcelo Marques, presidente da CDL.
Caminho de peregrinação
No Vale do Taquari, Leandro Arenhart, presidente da Associação dos Municípios de Turismo da Região dos Vales (Amturvales), que reúne 25 cidades, conta que um dos projetos para ser colocado em prática ainda no primeiro semestre é a criação de um caminho de peregrinação, de longa distância, inspirado no de Santiago de Compostela.
O trajeto, ainda não definido, terá de 140 a 150 quilômetros e poderá ser feito a pé ou de bicicleta, com pontos de apoio a cada 20 ou 25 quilômetros (de bicicleta, um roteiro a ser vencido em dois dias; a pé, ao longo de uma semana). Hotéis, pousadas, albergues e casas de família podem receber os caminhantes, e a ideia é contar com a acolhida dos moradores. Por enquanto, um grupo que já fez roteiros de longa distância pelo mundo ajuda na formatação do projeto.
— Será um caminho de fé e autoconhecimento, um saudável desafio — diz Arenhart.
Roteiro histórico
A 80 quilômetros de Porto Alegre, Butiá pretende investir na história. A cidade tem referências que remontam ao século 19 e está criando um roteiro turístico para evidenciar esses locais. Para o projeto “A construção de uma cidade mineira”, a cidade trabalha a educação patrimonial e aplicação de pesquisa, em janeiro, e a instalação das placas de sinalização, em fevereiro, marcos iniciais do projeto.
A história de Butiá está ligada à descoberta das primeiras jazidas de carvão mineral no Brasil, em 1795, por um soldado português vindo de Rio Pardo. Serão escolhidos até 10 pontos turísticos para o roteiro (entre eles, as ruínas do Poço 4, conhecido como “esqueleto”, a Casa de Pedra, as oficinas, as termas e a vila dos engenheiros).
A iniciativa, proposta pela Secretaria de Cultura do município, tem o apoio do Museu Estadual do Carvão, recursos da Secretaria Estadual da Cultura (Sedac) e será liderada pela Surya Projetos.