Com todas as ressalvas que devam ser feitas em relação às pesquisas, e sempre lembrando que quase metade dos eleitores admite mudar seu voto até 6 de outubro, dois comitês eleitorais em Porto Alegre têm motivos para comemorar os resultados do levantamento da Quaest, divulgado nesta terça-feira (17): os de Sebastião Melo (MDB) e Juliana Brizola (PDT). Melo, porque subiu de 36% para 41% em relação à pesquisa anterior, e Juliana porque foi de 11% para 17%. Os dois também são beneficiados pela queda de Maria do Rosário (PT), de 31% para 24%.
A intenção de voto na pesquisa estimulada não é o único motivo de celebração para Melo e Juliana. O prefeito deu um salto na espontânea — aquele cenário em que o pesquisador pergunta ao entrevistado em quem pretende votar, sem apresentar uma cartela com o nome dos candidatos. Nessa simulação, Melo pulou de 15% para 27%, enquanto Rosário oscilou na margem de erro, de 14% para 13% e Juliana subiu de de 2% para 6%.
Ainda faltam 20 dias para a eleição e o cenário pode se alterar, mas hoje a situação de Melo não poderia ser mais confortável. Com esses números, não se pode descartar a hipótese de vitória no primeiro turno, mas no segundo ele leva vantagem considerável sobre Rosário — 56% a 33%. A Quaest não fez simulação de segundo turno com Juliana.
Como explicar a vantagem de Melo, sendo ele o prefeito a quem os adversários culpam pelas mazelas da enchente? São múltiplas as explicações. Em primeiríssimo lugar, a propaganda. Com mais tempo de rádio e TV, a equipe acertou a mão na forma e no conteúdo. Pode-se questionar uma série de pontos, como a supervalorização de um episódio em que a Justiça mandou retirar um comercial de Rosário do ar ou as promessas repetidas de 2020, mas do ponto de vista do marketing a campanha é irretocável: os jingles, a exploração dos elementos que ratificam a imagem de simplicidade (chapéu de palha, “goiano de pé rachado”) e a identidade visual.
Melo experimenta nesta campanha o chamado efeito Teflon: nada gruda nele. Nem as denúncias de corrupção na Secretaria de Educação, que no início ele tentou minimizar, inclusive com sua base boicotando a CPI da Câmara, nem a ineficiência da prefeitura na manutenção do sistema de proteção às cheias.
Se nada gruda em Melo, ele só pode agradecer ao PT, que escolheu uma candidata com alto índice de rejeição. No próprio partido, não foram poucos os alertas de que Maria do Rosário não deveria ser a candidata, pela rejeição histórica. Mesmo moderando o discurso e trabalhando para suavizar a voz, a candidata não conseguiu vencer essa barreira. A equipe de marketing não encontrou o tom na propaganda. E a rejeição de Rosário subiu de 48% para 54%, enquanto a de Melo caiu de de 40% para 35%, um ponto a menos do que Juliana (36%).
A subida de Juliana pode ser explicada pela propaganda assertiva e por ser a alternativa de quem não gosta da gestão de Melo mas não quer votar em Rosário no primeiro turno. A curva ascendente, com rejeição menor, é a melhor notícia para Juliana.
ALIÁS
O PT repete o erro que cometeu na eleição em que Maria do Rosário foi para o segundo turno e perdeu a eleição: insistir em chamar de Maria uma deputada que o Brasil conhece pelo nome composto.
Ficha técnica
A pesquisa contratada e paga pelo Grupo RBS foi realizada com 900 pessoas, utilizando questionário estruturado, entre os dias 14 e 16 de setembro. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. A pesquisa foi registrada no TSE sob protocolo RS-00134/2024.
Pesquisas eleitorais
O Grupo RBS não faz pesquisas eleitorais nem divulga levantamentos encomendados por partidos, candidatos ou governos. Para atender ao interesse de seu público, os veículos do grupo somente contratam e divulgam resultados de institutos reconhecidos. Neste ano, contratou a Quaest, empresa de consultoria e pesquisa que reúne tecnologia e inteligência de dados, para fazer as sondagens referentes à eleição para prefeito de Porto Alegre. Fundada em 2016, a Quaest tem sede em Belo Horizonte.
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