Hóspede do ex-presidente Jair Bolsonaro na casa de Angra dos Reis, o deputado federal Luciano Zucco testemunhou o momento em que a família foi avisada da presença da Polícia Federal na residência. Zucco relatou à coluna que na véspera, depois da live realizada em um dos salões do Hotel Fasano, o grupo combinou de sair cedo para pescar, se o tempo estivesse bom.
— Saímos mais ou menos às 5h50min. Por volta das 9h40min, o presidente recebeu um telefonema do advogado Fábio Wajngarten relatando que a Polícia Federal estava na casa e que havia um mandado de busca e apreensão contra o Carlos. O presidente pegou um jet ski, colocou o Carlos na garupa e voltou para casa.
De acordo com a versão de Zucco, ele, o senador Flavio Bolsonaro e outras pessoas que estavam no grupo, incluindo seguranças, voltaram em seguida de barco. Quando chegaram, a casa já havia sido revistada, incluindo o quarto de hóspedes ocupado pelo deputado. Isso provocou indignação de Eduardo Bolsonaro, que chegara pouco antes na residência.
— Eles não podiam ter realizado buscas na casa do presidente. Não havia mandado para isso. O mandado era exclusivo para os celulares e computadores do Carlos. E é mentira que tenham apreendido notebook da Abin com Carlos. Mentira — disse Zucco à coluna.
Ainda segundo o deputado, a primeira equipe da PF foi gentil e respeitosa. Mas uma segunda equipe, que chegou de helicóptero, queria "apreender os celulares de todo mundo".
Bolsonaro e os filhos estrilaram, porque não havia mandado e os filhos Flávio e Eduardo, assim como Zucco, têm foro privilegiado. O agente da PF teria desistido da apreensão generalizada de telefones depois de conversar com um advogado da família.
— Esse foi um momento tenso. Dava para perceber, pela conversa, que havia um ponto de atrito.
Mesmo sem um mandado específico, os policiais recolheram um computador e um tablet de Tércio Arnaud, segurança de Bolsonaro, sem ter mandado específico. Zucco confirma que Bolsonaro e os filhos ficaram muito indignados com o que ele define como três mentiras:
— A primeira é que teriam apreendido um notebook da Abin com o Carlos. Não sei de onde a (jornalista da Globo News) Daniela Lima tirou isso. A segunda é que nós teríamos saído quando a PF chegou. Saímos perto das 5h50min. E a terceira é a que Carlos recebia informações de uma Abin paralela.
Na noite de domingo, Zucco foi citado por Bolsonaro por estar na plateia. Os dois são companheiros de farda e se tornaram amigos na campanha de 2018. O deputado contou que o grupo costuma sair cedo para pescar porque assim podem voltar a tempo de preparar o peixe par ao almoço. O "porquinho" é o peixe mais pescado na região de Angra dos Reis.