Um dos projetos mais importantes entre os apresentados aos deputados da base do governador Eduardo Leite para apreciação neste final de ano é o que trata das novas exigências para um professor ser nomeado diretor de escola. Para ser diretor, não bastará ser o mais popular e mais querido da escola. O escolhido pela comunidade escolar deverá fazer um curso de gestão de 60 horas, ser aprovado em uma prova e apresentar um plano de trabalho.
O projeto é fruto das sugestões colhidas no amplo trabalho de investigação do que leva escolas da mesma rede e com dificuldades idênticas a conseguirem bons resultados. A conclusão dos técnicos da Secretaria da Educação e dos deputados que se debruçaram sobre o tema nos últimos meses é de que escolas bem-sucedidas têm pelo menos uma coisa em comum: diretores preparados para gerenciar uma estrutura complexa, que exige treinamento específico.
A eleição direta vigente no Rio Grande do Sul não existe no Ceará, por exemplo, que vem obtendo avanços notáveis. O que se tem lá e em outros Estados nordestinos que conseguiram driblar o mau desempenho dos alunos é gestão. E gestão exige treinamento, atualização contínua e vocação para gerenciar conflitos. O primeiro filtro deve ser o próprio professor: antes de se candidatar a diretor é preciso ter certeza de que se enquadra nesse papel. O adicional no contracheque é importante, mas não vale o sofrimento de estar num papel com o qual não se identifica.
Os projetos também avançam no caminho da municipalização do Ensino Fundamental, começando pelas séries iniciais, uma tendência irreversível. No futuro, o Estado deverá ficar responsável apenas pelo Ensino Médio, que sofrerá modificações para se adaptar às necessidades de profissionalização.
ALIÁS
Não há caminho para elevar a régua da educação no Rio Grande do Sul que não passe pelas escolas de tempo integral. O pacote de projetos toca nesse ponto, mas a aplicação esbarra nas restrições de orçamento para a contratação de professores, compra de equipamentos e adequação de prédios.
Polêmica à vista
De todas as propostas que o governo deve encaminhar à Assembleia nos próximos dias, nenhuma deve provocar mais polêmica do que a mudança na composição do Conselho Estadual de Educação. A ideia é reduzir o número de conselheiros de 21 para 20 e estabelecer a paridade entre os indicados pelo governo e os representantes da sociedade.
O Cpers, que hoje tem quatro representantes, ficará com dois. As escolas privadas cairão de dois para um.
Apesar da polêmica, o vice-governador Gabriel Souza acredita que o projeto será aprovado na Assembleia, porque o governo tem maioria e argumentos sólidos para convencer os deputados da base de que as mudanças são essenciais para acelerar os processos na área da educação.
Tá na Mesa
Líder de um movimento que colocou a educação no centro das prioridades da Assembleia Legislativa, o presidente da Assembleia, Vilmar Zanchin, será o palestrante desta quarta-feira (1º) na reunião-almoço Tá na Mesa, da Federasul.
Zanchin vai detalhar as sugestões para o novo marco legal da educação.