Depois de três dias da divulgação da reportagem do GDI sobre o escândalo na regulação estadual do Samu, o governo de Eduardo Leite constatou que não tinha como segurar o diretor Eduardo Elsade. Já estava ficando constrangedora a demora do governo em agir. O afastamento foi anunciado por um trio de peso: o chefe da Casa Civil, Artur Lemos, a secretária da Saúde, Arita Bergmann, e o procurador-geral do Estado, Eduardo Cunha da Costa.
Se no início estava clara a omissão de Elsade, nesta quarta-feira (30) a reportagem mostrou que ele também pecou por ação e deixou a prova em uma mensagem de áudio. A gravação obtida pelo GDI não deixa dúvida de que ele foi conivente com o esquema em que os médicos cumpriam apenas parte da jornada de trabalho ou simplesmente faltavam aos plantões.
No áudio, o diretor orienta o coordenador estadual do Samu, médico Jimmy Luis Herrera Espinoza, a não punir a médica reguladora Giordana Vargas Correa, citada na primeira reportagem do GDI.
Na madrugada de 6 de junho, Giordana era a única plantonista de um total de sete médicos escalados para trabalhar. Além de cumprir uma carga horária menor, ela simplesmente sumiu da mesa de trabalho entre 6h e 6h30min, deixando o Estado inteiro sem a regulação do serviço de urgência.
O áudio é inequívoco:
— Não tem advertência, tu podes no máximo chamar ela e dizer que passou para direção e a gente segurou.
Já estava claro que o diretor tinha conhecimento da "gazeta", mas a mensagem enviada ao coordenador acabou por selar o destino de Elsade, que na pandemia foi muito criticado por médicos de diferentes hospitais, mas sobreviveu no cargo.
Diretor de regulação é um cargo político. Talvez por isso o agora ex-diretor acreditasse que tinha "costas quentes".
ALIÁS
O escândalo do Samu no Rio Grande do Sul faz lembrar o caso dos médicos e enfermeiros que usavam luvas de silicone para enganar o ponto eletrônico no serviço de urgência em Ferraz de Vasconcellos (SP). Isso ocorreu em 2013. No RS, um superior abonou a fraude.
Respeito a quem faz trabalho sério
É preciso repetir que o problema no Samu envolve alguns médicos reguladores, que trabalhavam (ou deveriam estar trabalhando) no ar condicionado.
Os profissionais que trabalham nas ambulâncias, salvando vidas, não podem ser hostilizados ou responsabilizados por erros que não cometeram.